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Crítica: HQ O Procurador é um faroeste que corre poucos riscos

Quadrinho assinado pelo mestre italiano Gianfranco Manfredi e desenhada pelo brasileiro Pedro Mauro traz um cavalheiro britânico no meio do Texas

Crítica: HQ O Procurador é um faroeste que corre poucos riscos
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O Procurador
Gianfranco Manfredi e Pedro Mauro
Pipoca e Nanquim, 196 páginas, 2022, R$ 89,90

As histórias de faroeste são sempre permeadas por uma sensação de perigo iminente, que quase sempre resvala para a violência. Em O Procurador, que a Pipoca e Nanquim, lançou no final do ano passado, tal expectativa é quebrada por conta da elegância e educação de seu protagonista. A fidalguia por trás dos modos tão educados do cavalheiro britânico James Jennings esconde, na verdade, um implacável atirador a serviço de um importante escritório de advocacia em Nova York. A dicotomia de alguém tão fino em um ambiente desolador e violento é um dos charmes desta HQ, assinada pelo mestre italiano Gianfranco Manfredi e desenhada pelo brasileiro Pedro Mauro.

Manfredi é um dos principais nomes do gênero faroeste nos quadrinhos e um dos maiores escritores da Sergio Bonelli Editore, referência nessa área. Ele é criador de Mágico Vento, quadrinho que é sucesso de público e crítica. Já Pedro Mauro é desenhista da Trilogia Gatilho (2021), outro elogiado projeto western da Pipoca e Nanquim.

A história se desenrola a partir da visita de Jennings ao Texas (EUA) para visitar o boxeador Henry King, que recebe a notícia de que é herdeiro de uma enorme fortuna. Com a ajuda de Caleb, um talentoso lutador negro, o trio empreende uma jornada em direção à Nova York para resgatar o dinheiro. Evidentemente, essa grana toda vai atrair a atenção de vários oportunistas da região.

A HQ tem um bom trio de personagens principais, com destaque para o carisma de Jennings, bem construído por Manfredi. Ainda que não seja uma novidade em produções do tipo (vide o personagem King Schultz, interpretado por Christoph Waltz em Django Livre apenas para citar um exemplo), é divertido acompanhar esse corpo estranho imerso nesse ambiente inóspito. Porém, a história depende bastante dos velhos esquemas das narrativas de faroeste para avançar. E os outros personagens além dos protagonistas falham em ir além do que já esperávamos em se tratando de western. A narrativa chega até o fim sem apresentar nenhum elemento novo ou inesperado.

A arte de Pedro Mauro, com seu uso dramático do preto e branco, segue inspiradíssima, com destaque para o domínio que possui para representar emoções nos rostos dos personagens.

Para quem procura uma boa história de faroeste, O Procurador é uma divertida HQ, mas que está distante em termos de inovação e estatura do que os dois autores já trouxeram de contribuição ao gênero até aqui.

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