Psicodelia para corações partidos
Em seu segundo disco, a banda californiana Foxygen chega ainda mais inspirada em sua proposta de trazer de volta a psicodelia. O peso e o experimentalismo dão o tom em um trabalho que é bem mais do que um revival setentista (que já está esgotado, graças a deus). Mas, o que chama atenção é a produção que traz letras sobre romances que não deram certo e histórias nonsense que misturam guerra e fantasia.
Formado pelos americanos Jonathan Rado e Sam France, o Foxygen mostra neste disco um artifício velho, mas que dá sempre certo, que é falar de sua cidade e histórias bem locais. São Francisco, as pontes que se encontram com as floresta, lojas de cigarro, entre outras diversas referências que ajudam o ouvinte a criar a obra na mente enquanto se escuta o álbum. Faixas como “No Destruction” dá a real: “deixe de ser um idiota, você não está mais no Brooklyn”.
“San Francisco” poderia ser mais uma exemplar do cancioneiro indie para quem terminou um namoro, mas ela traz originalidade ao abordar a rejeição. “Eu deixei meu amor em São Francisco. Tudo bem, eu estava entediado mesmo”, diz a letra, tentando achar razões para o pé na bunda. Com jeitão lo-fi, é uma das mais viciantes do disco, com coro e teclados para dançar meio desajeitado. “Shuggie” vai no mesmo tom. Aborda momentos constrangedores de “você me deixou” e ainda faz referências a soldados indo para guerra.
Embaixadores da paz e da mágica, seja lá o que isso seja, o Foxygen é uma banda que ganha pela estranheza. Segundo consta em seu release, a dupla acredita que todas as suas músicas carregam uma “mensagem de paz” que está concatenada com um organismo cósmico maior (!). A banda faz um rock psicodélico embalado com referências de bandas independentes como Belle & Sebastian, Delgados e outras que cantaram a baixa auto-estima e o amor não correspondido. Mas, o grupo tem uma originalidade que não é tão evidente, mas que é uma grata surpresa ao se descobrir. [Rafael Curtis]
FOXYGEN
We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic
[Jagjaguwar, 2013]
Nota: 8,5