Disco póstumo de Michael Jackson está bem distante do melhor do cantor
Era inevitável que após a morte de Michael Jackson em 2009 o rei do pop voltaria dos mortos em algum projeto musical para atrair fãs órfãos. A tentação era grande, mas o escrutínio de sua grande audiência não se contentaria com algo banal. Assim nasceu Xscape, cuja dura missão é dar relevância a um álbum póstumo que tenta revitalizar canções antigas descartadas pelo músico.
O trabalho envolveu uma longa pesquisa em sessões de estúdio de discos clássicos como Bad (1987) e Dangerous (1989). Os produtores Timbaland e L.A. Reid foram os responsáveis por revitalizar essas faixas, trazendo ao repertório um tom atual, mas que não anulasse o estilo de Michael. Justin Timberlake, tido como sucessor do trono de “rei do pop”, foi chamado para fazer um dueto em “Love Never Felt So Good”, música co-escrita por Paul Anka, em 1983.
O disco é interessante pelo carisma da voz de Michael e seus trejeitos tão conhecidos do público, que sobreviveu às intervenções do time de produtores. É possível ouvir faixas como “Love Never Felt So Good” e “Chicago” (sobra de Invencible) no repeat, sem prejuízo à memória do cantor. Mas, na realidade, as seis faixas originais não trazem nada de surpreendente ou revelador e algumas como a faixa-título e “Blue Gangsta”, parecem demais com remixes pouco inspirados.
Dificilmente Xscape figuraria próximo ao menor dos trabalhos de Michael Jackson. A todo o tempo nos lembramos que o disco nada mais é do que contratados da Sony remexendo um espólio. [Rafael Curtis]
MICHAEL JACKSON
Xscape
[Epic/Sony, 2014]
Nota: 5,5