Crítica-Disco: Mahmundi traz tons contemporâneos para o synth-pop oitentista

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Marcela Vale, 29 anos, mais conhecida como Mahmundi, é um dos novos nomes a trazer frescor para o pop nacional. E sua inovação se dá pela maneira mais improvável: reativando a nostalgia do synth-pop dos anos 1980. O que poderia apenas ser um exercício de ecoar arranjos e sonoridades daquela década, chegou aqui como um interessante amálgama entre o rock de sabor tipicamente brasileiro e um R&B moderno e com suingue.

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A assinatura de Mahmundi passa também por um escapismo que transporta o ouvinte para um local ensolarado, de alto verão, onde amores começam e terminam e tudo parece meio isolado. “Eterno Verão”, primeiro single do trabalho lançado no ano passado, reflete bem isso. “Eu quero encontrar/Um lugar pra descansar/Nesse verão que nunca tem fim”, canta ela na dançante faixa que contrasta com o tom dramático de sua voz.

Em “Meu Amor” temos novamente esse sentido de fuga. “A hora voa e a gente aqui / Nesse inverso dessa noite sem fim / É eterno”. Com produção de Carlos Eduardo Miranda, o disco explora elementos da música eletrônica moderna e minimalista, como em “Azul” e “Calor do Amor”, um hit descarado que remonta ao melhor de Guilherme Arantes e seus sintetizadores dos anos 1980.

Vale é uma autora com muito domínio de suas referências e isso fez o disco não soar datado, mesmo tendo se apropriado de referências bem marcadas de uma década. Nome forte do independente hoje, Mahmundi conquista um estilo próprio dentro do renovado pop BR.

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