Jack White retoma sua visão particular do rock em seu disco mais ambicioso
Jack White sempre teve um entendimento muito próprio do rock, desde sua aparição ao lado da dupla The White Stripes, nos anos 2000. Aos 38 anos, o músico ainda segue tentando lapidar facetas conhecidas do gênero, de uma maneira que não chegue a desconstruí-lo, mas que imprima sua visão particular. Neste segundo disco, Lazaretto, ele entrega boas ideias, com um escopo bem mais largo de influências que vão além do blues, estilo em que costuma explorar.
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Até o modo de produzir de White mudou para este disco. Nos seus trabalhos com o White Stripes e Raconteurs, ele costumava gravar tudo no espaço de algumas semanas. Para Lazaretto, ele empreendeu uma produção bem mais sofisticada que durou longos 18 meses. O disco de vinil do trabalho também é luxuoso e superproduzido, com inovações tecnológicas na gramatura do material e nas diferentes rotações, algo inédito. Quando o disco gira, é possível ver uma espécie de holograma na superfície.
Na sonoridade, este segundo álbum solo de White fica distante do impacto provocado por álbuns anteriores em que trabalhou, como White Blood Cells e Elephant. Fruto de uma busca pessoal, o cantor decidiu fazer desse disco uma espécie de tour de auto-descoberta. As letras foram feitas a partir de anotações que ele achou em seu sótão, da época em que tinha 18 anos. Ele então refez as composições, como se ensinasse ao seu eu-jovem como escrever músicas.
O resultado é um disco muito pessoal, que mostra White como um músico que não se roga em encontrar novos caminhos. Trabalhando elementos do rock norte-americano, Lazaretto se apropria da energia do blues-rock e da delicadeza do country para formular algo indistinto que ao final assume uma assinatura muito própria. Faixas como “Would You Fight For My Love”, com seu coro e um dedilhado agressivo de piano é uma contribuição interessante de White ao rock. O mesmo se pode dizer de “High Ball Stepper”, que soa como um hard-metal desconstruído.
White até conseguiu mais um hit, a faixa-título, que assume a faceta pop de seu trabalho com o White Stripes. No mais ambicioso trabalho do músico até aqui, Lazaretto é um álbum de um artista que tem uma visão muito clara do tipo de rockstar que quer ser.
JACK WHITE
Lazaretto
[Columbia/Third Man Records, 2014]
Nota: 7,5