ESTRELA APLICADA
Ariana Grande mostra disco consistente para garantir seu espaço no pop adolescente. Mas faltou ousadia
Ariana Grande, um dos maiores nomes da nova safra do pop ocidental, percorreu o mesmo trajeto de diversos nomes que um dia já ocuparam a posição em que está hoje. Nem mais fácil, nem mais difícil. Sua proposta artística também não se diferencia muito do que já encontramos no seu campo de atuação nos últimos 20 anos. O que essa garota norte-americana de 21 anos possui de maior diferenciação é o domínio do combo necessário para agradar tanto adolescentes ávidos por novos ídolos geracionais (faz parte) quanto de pessoas que querem apenas consumir uma boa música pop.
Leia Mais
FKA Twigs desconstrói o R&B em disco de estreia
La Roux retorna com uma proposta mais sexy e humana
> Curta a Revista O Grito! no Facebook
Este segundo disco, My Everything, mostra uma evolução do trabalho de estreia que saiu no ano passado, Yours Truly, que era uma mistura bem feita de R&B e pop chiclete com participações de nomes como Mac Miller e Big Sean e produção de Big Sean. Aqui, a cantora aparece mais solta para experimentar novos gêneros. É como se na estreia fosse preciso dar um salto preciso, de dificuldade alta, mas sem muito gracejo.
Grande sabe explorar sua aparente inocência em “Why Try”, sua sexualidade (“Problem”, o grande hit do álbum, ao lado da rapper Iggy Azalea) e seu alcance vocal, caso de “Break Free”. Este seu talento vocal é seu elogio mais recorrente, rendendo até mesmo comparações com Mariah Carey. A produção foi de Max Martin, sueco que foi responsável por trabalhos de sucessos de Backstreet Boys, ‘N Sync e Kelly Clarkson, entre outros. Apenas que foi ele quem produziu “… Baby One More Time”, de Britney Spears.
Como diversos nomes antes dela, Ariana Grande preenche um conjunto de requisitos que vem pautando a indústria musical na construção e lançamento de novos ídolos sobretudo a partir da segunda metade dos anos 1990. Jovem, bonita, carismática e o mais importante, testada anteriormente em programas voltados ao público infantil. Evoluindo junto com sua audiência, esses artistas “se reinventam” em carreiras solo como estrelas pop. Justin Timberlake, Britney, Christina Aguillera, Miley Cyrus. Mas isso não é regra, é bom avisar. A fauna hoje é diversa e cabe nomes que pegaram outros atalhos, como Lorde.
My Everything é um álbum muito claro em intenções, com um pop impecável que explora a imagem jovem, pero destemida de Ariana, garota que começou como estrela da Nickelodeon e que agora busca um rincão dentro do concorrido mercado pop. Falta uma ousadia estética para fazer do disco algo disruptivo dentro de seu gênero. Algumas faixas soam bem genéricas, como se estivéssemos aprisionados em um set ruim de David Guetta (que por sinal também trabalhou como produtor). Mas ainda assim é um trabalho que cumpre seu objetivo com rigor técnico e consegue entreter além dos fãs.
ARIANA GRANDE
My Everything
[Universal, 2014]
Nota: 7,3