Janela de Cinema 2016: Curtas nacionais destacam mudanças no cotidiano

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Dia de Pagamento, de Fabiana Morais. (Divulgação).
Dia de Pagamento, de Fabiana Morais. (Divulgação).
Dia de Pagamento, de Fabiana Morais. (Divulgação).

O Janela Internacional de Cinema desse domingo teve ainda o primeiro programa da mostra competitiva de curtas brasileiros. Intitulado “Mudanças de Eixo”, o programa apresentou quatro filmes: os pernambucanos Dia de Pagamento, de Fabiana Moraes e Nunca É Noite no Mapa, de Ernesto de Carvalho, e mais Heterônimo, do cineasta carioca Vitor Medeiros e o mineiro Estado Itinerante, de Ana Carolina Soares. O filme mais aplaudido pelo público presente ao São Luiz foi Nunca é Noite no Mapa. Situado na fronteira entre o filme ensaio e o documentário em primeira pessoa, o curta faz uma curiosa reflexão sobre o dispositivo digital on-line Google Maps. Usando como mote o mecanismo do Street View, Carvalho brinca com a “frieza” do mapeamento das ruas feita pelo Google que, ao fotografa-las, flagra cenas do cotidiano das cidades apesar de demonstrar absoluta indiferença por elas.

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Dia de Pagamento, de Fabiana Moraes, é um documentário marcado por um olhar sociológico sobre o efeito das obras de construção dos canais da transposição do Rio São Francisco numa pequena comunidade sertaneja no município de Sertânia, em Pernambuco. O filme traz abordagem leve e bem-humorada para tratar o modo como os canteiros implantados pelas empresas de engenharia contratadas para construir os canais mudou a vida das pessoas nessas localidade ao proporcionar, para muitas delas, emprego fixo e salários bem melhores que os rendimentos que elas tinham trabalhando na roça ou fazendo biscates. A narrativa tem um tom parecido ao dos filmes de Jorge Furtado, mas funciona bem e casa com o estilo de Fabiana Moraes, nos fazendo lembrar de suas reportagens em jornais impressos, onde ela com muita habilidade sempre transformou matérias com temas densos e repletos de dados em textos humanizados e de grande sensibilidade.

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O curta de ficção Estado Itinerante foi também uma grata surpresa no programa ao tratar da questão da violência contra a mulher de uma forma serena, mas sem esconder o quanto é duro e doloroso o enfrentamento com essa realidade tão corriqueira. A trama tem como protagonista uma jovem que trabalha como cobradora de ônibus e claramente está enfrentando dificuldades na sua vida particular. Pouco a pouco vamos descobrindo o motivo de seu olhar apreensivo e seu estado de tensão constante. A diretora Ana Carolina Soares costura a história a partir das pequenas ações de sua personagem, concentrando seu foco na superação do drama por ela sofrido.

Por fim tivemos Heterônimo, uma história de namoros em tempos de internet. Mas, apesar do argumento engraçado de uma professora com um perfil falso tentando seduzir sua aluna, o filme não decola pela frágil caracterização das personagens e furos no roteiro.