Serra Negra, Bezerros (PE)
No friozinho gostoso da Serra Negra teve início, nesta sexta (28), no município de Bezerros (Agreste de Pernambuco, a 102 km do Recife), a sexta edição do Curta na Serra. Imagens da cidade filmadas em 16 mm em 1938 e uma homenagem ao colecionador de cinema Edvaldo Mendonça marcaram a abertura do festival realizado ao ar livre num dos cenários mais bonitos de Pernambuco, a vila da Serra Negra, localizada a uma altitude de 960 metros e cercado por uma reserva ecológica.
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O VI Curta na Serra recebeu esse ano 660 inscrições vindas de todo o Brasil. A curadoria foi realizada pelo editor do portal CineVitor e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema – Abraccine Vitor Búrigo. Na primeira noite do Curta na Serra foram exibidos os filmes selecionados para a Mostra Panorama Pernambuco e os primeiros videoclipes da Mostra Panorama Videoclipes.
Os oito filmes pernambucanos trouxeram uma amostragem da diversidade de produções audiovisuais que marca a cinematografia do estado nos dias de hoje. As obras apresentadas abordaram temas que discutem questões sociais, como as ficções Carol, Dente e Facção e o documentário Das Águas, mas também trouxeram filmes de animação e experimentais criativos e interessantes a exemplo das animações Eu Nunca Contei a Ninguém e Hoje Eu Volto Amanhã e os performáticos Onde Cabe em Nós e Quando Você Vem Me Visitar.
O documentário Das Águas, de Adalberto Oliveira e Tiago Rego, mostrando as mulheres e os homens que vivem da pesca no rio Capibaribe, no Recife, se destaca entre os filmes da primeira noite pela forma como a partir do recorte de uma realidade, consegue traçar um panorama do cotidiano árduo e sofrido de uma grande parte da população ribeirinha da cidade.
Carol, de Bruna Tavares e Dente, de Rita Luna, embora apresentem algumas imperfeições nas narrativas, são tocantes pela abordagem delicada e sensível do dia a dia de mulheres da periferia. Já o curta de Henrique Araújo apesar de ser uma narrativa ficcional tem seu valor realçado pela pegada documental da trama que mostra a realidade de quem trabalha na confecção de roupas em Santa Cruz do Capibaribe.
As animações apresentadas – Eu Nunca Contei a Ninguém, de Douglas Duan e Hoje Eu Só Volto Amanhã, de Diego Lacerda – surpreendem pela qualidade técnica e inventividade dos dois trabalhos, sobretudo o curta de Lacerda, um olhar feérico e divertido sobre o Carnaval de Olinda. Outros destaques da mostra foram Onde Cabe em Nós, uma produção realizada em Bezerros por Ana Carolina Barbosa e a fantasia queer Quando Você Vem Me Visitar, de Henrique Arruda, uma obra de grande impacto visual.
Encerrando a noite foram mostrados dois videoclipes. A Poeira Vai Subir, do artista Bira, dirigido por Renan Vieira, uma potente mistura entre hip hop e forró, e o projeto A Serra Negra composto por Zé Barreto de Assis com vários artistas bezerrenses. O trabalho é um tributo a cidade de Bezerros, foi totalmente rodado na região e tem como mote a valorização da arte para a preservação ambiental.
O Curta na Serra prossegue hoje com a exibição dos filmes da Mostra Nacional, continuação da Mostra de Videoclipes e terá também uma homenagem ao cineasta pernambucano Cláudio Assis. Para quem não pode vir a Bezerros e quiser acompanhar o festival, os filmes e videoclipes estão disponíveis on-line até o dia 10 de abril no curtanaserra.com.br. Além dos filmes mostrados no anfiteatro ao ar livre de Serra Negra, no site estão também as obras do Panorama Especial, exclusivas para o on-line.
O editor Alexandre Figueirôa viajou a convite da organização do festival.
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