A terceira edição do Recifest – Festival de Cinema de Diversidade Sexual e de Gênero – anunciou a programação completa do evento, que deve levar mais de 3.500 pessoas ao Cinema São Luiz entre os dias 17 e 21 de novembro. No total, a mostra irá levar gratuitamente ao público 33 filmes entre curtas, longas e animações, além de sete performances, debate e oficinas. As sessões são gratuitas e começam sempre às 19h30.
Nas suas duas últimas edições, o Recifest exibiu cerca de 100 filmes e o evento reúne quatro mostras distintas: Curtas nacionais; curtas pernambucanos; DIV.A (Diversidade em Animação) e curtas internacionais, sendo a curadoria destes dois últimos de responsabilidade de Alexander Melo, diretor do Rio Gay Festival. O Recifest conta ainda com dois longas que abrem e encerram o festival, sempre dentro da temática proposta.
O Recifest terá como apresentadores Maria Clara Araújo e Leo Tenório. Ambos pessoas trans nascidas em Pernambuco e militantes, serão os responsáveis por conduzir as programações diárias, que sempre são abertas por performances ao vivo. Entre os pequenos espetáculos, o público irá conferir Gazelle Paulo, artista nascido em Teresina e radicado em Nova Iorque há mais de 20 anos, onde surgiu sua vocação para artista visual. Sua apresentação antecipa o longa de abertura do festival, no dia 17, “Gazelle, the Love issue”, documentário que faz um recorte de sua agitada vida social.
O dia da abertura também será marcado por ação da Diretoria LGBT da UFPE, com distribuição de 800 kits contendo itens como gel e preservativos. O grupo também fará exposição no mezanino, com cartazes da campanha “Meu nome Importa”, e filmes correspondentes sendo exibidos, além de adesivos nos espelhos dos banheiros, onde as pessoas poderão se fotografar e aderir à campanha com postagens em redes sociais.
As mostras competitivas de filmes pernambucanos e brasileiros em si acontecerão nos dias 19 e 20 de novembro e os primeiros colocados nas categorias júri popular e oficial serão agraciados com a premiação de R$ 1.500,00 (curtas pernambucanos) e R$ 1.000,00 (curtas nacionais) cada.
Todos os concorrentes levam para casa, entretanto, o troféu Rutílio de Oliveira, homenagem ao produtor, ator e diretor que foi idealizador do Recifest, mas cuja morte prematura o impediu de ver o projeto concretizado. Além destas, os filmes também concorrem a outros três premiações: o da ABD/ APECI (Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas/ Associação Pernambucana de Cineastas); o da Federação Pernambucana de Cineclube (FEPEC) para o melhor filme para reflexão para provocar debates e discussões.
O homenageado de 2015, por sua vez é a Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE). Surgido em 2008, o movimento tem como objetivo principal lutar pela cidadania e direitos humanos das pessoas travestis e transexuais em Pernambuco. Desde então, articula junto às esferas governamentais a criação de políticas e execução de políticas públicas em benefício deste público.
Veja a programação completa.
Dia 17 de Novembro de 2015
19h30
Abertura
Mestres de cerimônia: Maria Clara Araújo e Leo Tenório
Performance: Gazelle Paulo, nascido em Teresina, chegou em New York em 1992, depois de uma temporada de cinco anos no Rio de Janeiro, cidade que foi morar aos 17 anos.
Filme:
Gazelle – The Love Issue
(Gazelle – The Love Issue, 2014)
1h34min – Brasil, EUA, Polinésia Francesa
Classificação Indicativa: 12 anos
Dia 18 de Novembro
19h30
Abertura:
Mestres de cerimônia: Maria Clara Araújo e Leo Tenório
Performance: (Des) filando #acordefrida3 – Na passarela, o desejo de ser autêntico. Blusas, camisas, vestidos, calças, colares, bolsas, sapatos, pessoas e gestos. Mas o nosso modelo é para nós mesmos ou para o que querem de nós? O #acordefrida3 e seu novo experimento de moda e imagem: (des) filando.
Participação: Fernanda Fiberson, Fernanda Lorranny, Heymilly Maynard, Veronica Valente, Aphrodith La Blue, Társio Gomes
MOSTRA DIV.A – DIVERSIDADE EM ANIMAÇÃO
Ouch – (Ouch, 2013) – 0h03min – França – Animação
Direção: Fred Joyeux
Sinopse: A identidade do homem não é mais o que costumava ser é.
Bendik and The Monster
(Bendik and The Monster, 2014) – 0h10min – Noruega – Animação
Direção: Frank Mosvold
I Love Hooligans
(I Love Hooligans, 2013) – 0h13min – Holanda e Bélgica – Animação
Direção: Jan-Dirk Bouw
Sinopse: Um torcedor de futebol sente amor incondicional por seu clube. No entanto, por ser gay, ele tem que esconder sua identidade, a fim de sobreviver neste mundo que é tão precioso para ele.
Lady of The Night
(Lady of The Night, 2014) – 0h09min – França – Animação
Direção: Laurent Boileau
Sinopse: O jantar anual que comemora a morte de Corrnelius, revive memórias de Samuel. Ele tinha 20 anos quando descobriu sua atração por Cornelius. Atormentado pelo remorso e incompreendido por todos, ele nunca revelou sua homossexualidade para a família de Cornelius, a quem ele havia convidado naquela noite. Depois de sua partida, Samuel se retira para o seu quarto, desesperado, e busca refúgio em sua vida noturna: ele torna-se uma Rainha da Noite, em homenagem ao seu amor perdido.
Happy and Gay
(Happy and Gay, 2014) – 0h11min – EUA – Animação
Direção: Lorelei Pepi
Sinopse:”Happy and Gay” é um documento histórico revisionista refletindo a forma de um desenho animado musical dos anos 1930. Dois casais (amigos) saem para uma noite de diversão na cidade!
MOSTRA CURTAS INTERNACIONAIS
Performance:
3NOX – Em meio a nova era das drag queens, surge, com novas referências e expectativas, o grupo 3NOX, que vem acrescer à cena drag recifense.
Componentes: Amonit (Allan Kelwin), Emilly (Estevão Silva) e Ruby (Anderson Braz)
Filmes da Mostra curtas internacionais
Pepper
(Pepper, 2014) – 0h17min52seg – EUA – Ficção
Direção: Craig Young
Sinopse: Pepper é a história do envelhecimento de uma “Drag Queen” em seus momentos finais. Depois de um encontro casual com um menino de 8 anos de idade, Charlie, os dois embarcam em uma jornada para encontrá-lo e assim encontram a única coisa que Pepper tem procurado durante anos… coragem e aceitação.
My Life is a Dream
(My Life is a Dream, 2015) – 0h08min05seg – EUA – Ficção
Direção: Brian Benson
Sinopse: A atrapalhada e corpulenta prima Wonderlette nunca imaginou que encontraria o homem dos seus sonhos. Assim, quando seus sonhos se transformam em pesadelos ela não é fica surpresa. Nesta comédia de humor negro, seguimos a doce Wonderlette em uma viagem perturbadora para lugares assustadores onde ela encontra donas de casa dementes, suínos, gananciosos desviantes sexuais, e pior, sua mãe bêbada.
Novena
(Novena, 2014) – 0h18min – Irlanda – Documentário
Direção: Anna Rodgers
Sinopse: Novena é um premiado documentário que captura um momento raro quando duas pessoas que são gays e lésbicas são convidadas a dar um discurso em uma missa católica.
Followers
(Followers, 2014) – 0h12min – Reino Unido e Austrália – Ficção
Direção: Tim Marshall
Sinopse: Uma mulher idosa descobre uma visão de Jesus na sunga de seu parceiro de natação.
Dia 19 de Novembro
19h30
Abertura:
Mestres de cerimônia: Maria Clara Araújo e Leo Tenório
Apresentação do cantores Almério & Geraldo Maia
MOSTRA COMPETITIVA PERNAMBUCANA
– O Ídolo Caído, de Felipe André Silva, PE, 9’07”
Na imagem, um reencontro.
– Virgindade, de Chico Lacerda, PE, 15’43”
Se pudesse, eu voltaria a ser uma criança só pra poder fazer mais do que eu já fiz quando era pequena!
– GIF, de Sócrates Alexandre, PE, 10’25”
La Conga Rosa encontra vibes além do horizonte.
– Crua, de Benedito Leandro, PE, 20’
Tarcísio, membro de uma torcida organizada do Recife e entregador de água, mantém um caso amoroso com Adones, ator e escritor. Por não aceitar a homossexualidade de forma tranquila Tarcísio decide acabar de vez com o seu romance, mas por estar completamente envolvido com Adones não consegue enxergar uma forma de findar esse amor.
– Como era gostoso meu cafuçu, de Rodrigo Almeida, PE, 14’33”
É tão gostoso sonhar com você. É tão real que me causa prazer. E eu não penso mais em nada.
– Homorragia, de Lorena Arouche, PE, 7’10”
O filme aborda temática de gênero e seu entrelaçamento com estética e arte, utilizando imagens documentais da Marcha das Vadias, ocorrida em Maio de 2015 e imagens produzidas, experimentalmente, com luz colorida, fogo, líquidos e superfícies transparentes.
– Veludosas vozes veladas, de João Paulo Soares e Neidjane Tenório, PE, 3’11”
A realidade não é o bastante para mostrar o quão amedrontador pode ser o preconceito e a intolerância. A arte em movimento mantém, aqui, seus esforços para impulsionar as vozes disfarçadas pelo medo e ameaçadas pelo ódio de fundamentalistas, discriminadores, intolerantes, desumanos, fanáticos, extremistas e entre outros que ameaçam a liberdade e a dignidade humana. As palavras no corpo são abordadas com ironia, onde as agressões são postas diretamente e violentamente sobre o corpo. Palavras violam corpos, mentes e espíritos, têm força tanto para agredir e gerar o medo, quanto para combatê-los.
– Palloma, de William Tenório, PE, 9’12”
Palloma vive uma luta diária na construção de sua identidade.
– Luciana, de Chico Ludermir, 10’32”, PE
A partir da leitura de sua própria história, Luciana renarra as lebranças de suas vivências como travesti na época da ditadura militar brasileira. O ato de reler-se e recontar-se evidencia o processo de construção continuada de sua biografia, ao mesmo tempo em que escanClara os mecanismos de representação no filme e na vida.
– Corço, de Rafael Vascon, 7’03”, PE
Um homem, um dia comum. A caminho do trabalho ele é chamado de “veado”. Amordaçado pelo preconceito, ele encontra na arte o seu grito de libertação.
– Espaço, de Igor Travassos, 7’34”
Lugares contraditórios. Aquilo que já não é ou as possibilidades do que seria. Rodrigo, Gustavo e o indefinido.
– Mulheres(ES)Pelhos, de Rayza Oliveira, 7’27”, PE
Vídeo experimental produzido para conclusão do curso de Produção Audiovisual para Mulheres, realizado pela Secretaria da Mulher de Pernambuco. Pesquisas apontam que 77℅ das mulheres já foram vítimas de abusos físicos/sexuais, e que 10℅ desses crimes aconteceram dentro das suas próprias casas. Mulheres são vitimadas todos os dias, sem nenhuma medida que, de fato, consiga frear essa agressões. Ao se olhar no espelho, como essas mulheres se enClaram? O que essas mulheres conseguem enxergar em seus próprios reflexos? As mulheres que a sociedade parece não enxergar, ou enxergar pelo avesso, como elas se vêem? Como se desprender desses traumas? Conheça a história dessas várias mulheres, desses vários nomes, mas de uma só protagonista.
Dia 20 de novembro de 2015
Abertura:
Mestres de cerimônia: Maria Clara Araújo e Leo Tenório
Performance: “Meu corpo e minha alma” fragmento do espetáculo autobiográfico Lou&Leo, escrito e encenado por Léo Moreira Sá.
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
– Translúcidos, de Guilherme Cândido e Asaph Luccas, SP, 14’20”
“Translúcidos” narra a vida de pacientes presos em uma clínica de tratamento de disforia de gênero. Ali transgêneros vivem à base de medicamentos e técnicas de aversão, fazendo um claro comentário sobre a presença de transgeneridade na Classificação Internacional de Doenças (CID).
– Monstro, de Breno Batista, 19’28”, CE
Balada de amor e destruição.
– A Visita, de Leandro Corinto, 7’48”, RJ
Matheus tem nove anos e foi criado por Theo, seu tio. Hoje, vai finalmente reencontrar o seu pai biológico, que vem do exterior visitá-lo. Matheus sente falta da figura materna. Essa visita lhe trará alguns questionamentos sobre sua família e uma grande surpresa.
– O Mar que havia em seus olhos, de Carlos Camacho, RJ, ‘14’58”
Três amores impossíveis, três desencontros e um poema triste a entremear as ações de cada personagem. Tem amor que morre; tem amor que já nasce morto.
– Dessas coisas que acontecem, de Sueli Araújo, 19’58”, PR
Depois de estenderem suas roupas no terraço do prédio em que moram, dois desconhecidos, gays, são obrigados a conviver durante um dia inteiro após a porta de entrada para o terraço ter sido trancada acidentalmente por um deles. O tempo de convivência dos dois faz com que suas diferenças sejam expostas, no confinamento semelhanças são compartilhadas entre esses personagens pertencentes a universos distintos.
– Aceito, de Felipe Cabral, RJ, 20’
Junior prepara uma grande surpresa para pedir seu namorado em casamento, mas as coisas não acontecem do jeito que ele esperava.
– Ainda não lhe fiz uma canção de amor, de Henrique Arruda, RN, 15’48”
Greg e Alessandro estão no quarto se olhando. O sentimento de culpa e nostalgia daquele momento até pode marcar para sempre a vida dos dois, mas é apenas uma passagem para permitir que o amor caminhe livremente entre eles, sem amarras, sem estradas. Eles se olham. Eles se sentem. Eles se amam, independente das fotos nunca reveladas ou das canções nunca escritas.
– Blaxploitation: A rainha negra, de Edem Ortegal, GO 20’11”
A policial Eva Brown e sua namorada Juliana, nerd e cinéfila, descobrem que um poderoso “coronel” do estado está envolvido em um crime que pode destruir sua carreira. Após caírem no primeiro round da luta, as meninas mais malvadas da cidade voltam para provar que a vingança é doce como jujuba e tão divertida e explosiva quanto os filmes de ação.
– Javaporco, de Will Domingos e Leandro das Neves, RJ, 13’28”
Disseram que havia um canavial lá fora. E que agora toda a memória da cana se espalhou por aí.
– Aqueles dois naquela manhã, de Guilherme Macedo, RJ, 7’
Luis conhece Caio em uma boate e, de lá, os dois perambulam pela cidade. A conversa entre os dois é movida pela curiosidade do contato inicial e o medo de serem descobertos um pelo outro.
Dia 21 de Novembro de 2015
19h30
Performance: Phedra de Córdoba
Cuba Libre
(Cuba Libre, 2011) – 1h13min – Brasil – Documentário
Direção: Evaldo Mozcavel
Elenco: Phedra de Córdoba
“Cuba Libre” é um documentário que tem como objetivo promover a continuidade do debate sobre um dos temas mais emergenciais da sociedade brasileira contemporânea: a diversidade sexual.
Premiação
DEBATE
Dia 20 de Novembro, às 10h
Tema: UM PASSO à FRENTE: POLÍTICAS DE UTILIZAÇÃO DO NOME SOCIAL E DO BANHEIRO
Local: Auditório Tobias Barreto da Faculdade de Direito do Recife / UFPE
Praça Machado de Assis S/Nº – Boa Vista – Recife
Participantes: Luciana Vieira (mediadora / Diretoria LGBT UFPE); Maxwell Vignolli (Promotor de Justiça da Direitos Humanos); Léo Moreira Sá (ator, iluminador – SP); Dandara Alves (Estudante de Psicologia da UFPE / Ativista