Novo disco da banda chega mais eletrônico, experimental, mas ainda psicodélico e interessante
Lançado de supetão, o novo disco do Boogarins, Lá Vem a Morte, marca um ponto de transição da banda, que vem de trabalhos elogiados no Brasil e no exterior e acumula uma experiência de palco maior que muitas bandas veteranas. Com mais experimentação em estúdio, o grupo apontou para caminhos pop e eletrônicos sem deixar de lado sua personalidade psicodélica e experimental. Menos solar que os álbuns anteriores, o trabalho é pontuado por reflexões sobre nosso os nossos dias, marcados por uma distensão das relações pessoais e superficialidade nos relacionamentos.
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Essa mudança de temática e sonoridade já estava presente no primeiro single desse disco, “Elogio à Instituição do Cinismo”, produzida ao lado de Bonifrate, do Supercordas. É um momento de maior introspecção da banda, que vem de dois discos aclamados cujas músicas convidavam para uma celebração conjunta a partir do rock psicodélico e eram talhadas para ressoarem bem ao vivo. Lá Vem A Morte, com seus samplers e experimentações, pode soar até estranhos para o fã da banda, mas mostram uma saudável tentativa de descoberta por parte dos integrantes, o que é ótimo.
Reflete também um desejo de romper com o esperado, de agradar a audiência a todo custo, o que poderia levar a uma estagnação. Essa mudança de “astral” fica clara em faixas como “Corredor Polonês” e “Lá Vem a Morte Pt. 2”. Difícil à primeira vista, o álbum busca novas sonoridades para o Boogarins sem que para isso fosse preciso romper com uma estética muito própria e benquista. Pontuado por um existencialismo um tanto pessimista, o disco mostra que o Boogarins não se contentou com o confortável após o ótimo MANUAL. Que eles nos tragam novas descobertas sempre.