Anitta
Funk Generation
Floresta Records/ UMG, 2024. Gênero: Funk/ Pop
Em Funk Generation, seu sexto álbum de estúdio, Anitta coroa a sua longa trajetória em busca de produzir um álbum para o pop internacional que carregue a originalidade do funk brasileiro. Nem sempre foi assim. Desde 2016 a cantora de Honório Gurgel tem trabalhado na internacionalização de sua carreira. Nesse caminho feito de diversos singles e parcerias musicais, vários desencontros aconteceram e a mensagem de “levar o funk para o mundo” – autoimposta pela própria Anitta – ficou bem dispersa.
Quando pensamos que os singles em inglês, espanhol, italiano e francês da cantora mais se baseavam no reggaeton ou no pop genérico norte-americano fica mais perceptível o desvio que tomou sua carreira nos últimos anos. Esses sons pasteurizados renderam dois álbuns difíceis de engolir, Versions Of Me (2022) e Kisses (2019), que passaram longe da identidade musical brasileira.
Agora, no Funk Generation, Anitta parece finalmente ter encontrado o ponto certo de seu som. A cantora fez algo que deveria ter sido feito desde o início de sua trilha rumo ao mainstream mundial: ela olhou para o que está acontecendo com o funk hoje no Brasil. A riqueza do funk brasileiro – que tem crescido cada vez mais nas suas intersecções com o pop nacional e a música eletrônica – foi percebida pela cantora e muito bem utilizada.
Anitta recolhe características do gênero em suas várias manifestações. Beats e agudos do funk paulista, bem presentes em “Savage Funk”; o funk minimalista de Belo Horizonte na ótima “Sabana” e, claro, elementos do funk carioca que permeiam todo o disco, uma referência ao Furacão 2000, que foi um dos primeiros palcos da artista quando ainda usava o “MC” antes do nome artístico. “Fria” e “Joga Pra Lua” são excelentes na combinação do tamborzão e dos elementos do EDM.
O disco ainda dá seus tropeços com seus toques no som mais genérico. “Meme”, “Love in Common” e “Ahi” – feat com Sam Smith – soam perdidas na escuta do Funk Generation por destoarem da proposta do álbum, mas felizmente são esquecíveis em comparação às faixas boas. “Double Team”, parceria com porto-riquenho Brray e a espanhola Badgyal prova que o problema não está nas colaborações, mas no caminho escolhido na composição das faixas.
Funk Generation parece ter tudo para alcançar o mainstream por realmente ser um disco bem feito, coeso e ainda pegar impulso no reconhecido do funk pelas audiências mundiais através do trabalhos de outros funkeiros e DJs do Gênero – “Spaghetii” de Beyoncé como uma prova disso. Funk Generation parece ser o álbum da carreira de Anitta, uma espécie de culminância de tudo que tem sido trabalho por ela, nos erros e nos acertos.
Escute Funk Generation, de Anitta
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