Elifas Andreato, um dos maiores artistas gráficos da música brasileira, morreu nessa terça (29), aos 76 anos após complicações causadas por um infarto. Ele foi autor de mais de 450 capas de discos da MPB em mais de 50 anos de carreira.
Entre seus trabalhos mais conhecidos está a capa do disco Nervos de Aço (1973), de Paulinho da Viola, Almanaque (1981), de Chico Buarque e Nação (1979), de Clara Nunes. Ele também assinou muitos discos de Martinho de Vila, um dos seus colaboradores mais frequentes.
Andreato marcou para sempre seu nome na história da MPB ao traduzir em cores toda a emoção presente nas músicas dos discos que ilustrava. Seu traço quase sempre era marcado pela dramaticidade, com uma estética que contribuía para aumentar a repercussão do disco. Ninguém conseguia ficar impassível diante de capas assinadas por ele.
“Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino. Tudo o que ele tocava com as suas mãos virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria”, escreveu o seu irmão, Elias Andreato no Instagram, em um post em que lamentava sua morte. “Obrigado por sua arte”.
Nascido em Rolândia, no Paraná, em 1946, Andreato mudou-se para São Paulo no início da década de 1960, onde começou a colaborar com charges e ilustrações para publicações sindicais. Ele trabalhou na editora Abril em títulos como Manequim, Claudia, Quatro Rodas e Placar.
Atuou também no mercado editorial, onde ilustrou a capa de A Legião Estrangeira (1979), de Clarice Lispector e O Pirotécnico Zacarias (1974), de Murilo Rubião.
No governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009, Andreato recebeu a comenda da Ordem do Mérito Cultural pelo conjunto da obra.