Quando Rita Lee lançou, na primavera de 1980, seu mais novo disco homônimo, a artista já era um dos nomes mais importantes da música pop brasileira. Mas este trabalho que completa 40 anos de lançamento neste mês a transformaria de uma vez por todas em um fenômeno cultural, o que fundamentou sua carreira nos anos seguintes.
O disco foi um sucesso e colocou todas as músicas nas rádios. Criado por Lee ao lado de seu marido Roberto de Carvalho, o disco também fundamentava uma das mais longevas e bem sucedidas parcerias do pop nacional. Já era impossível seprar trabalho e vida pessoal da dupla, que escancarava intimidades e convidava a todos para viver aquela paixão.
A semente já havia sido plantada no disco anterior, “Rita Lee” (1979) em canções como “Doce Vampiro”, “Chega Mais” e, principalmente, “Mania de Você”. E foi no disco “Rita Lee” (1980) que ela floresceu com mais força, ultrapassando o milhão de cópias somente no Brasil.
O álbum ganha uma edição comemorativa em vinil branco translúcido pela Universal, que pode ser encomendada pelo site.
Hoje amplamente conhecido como “Lança Perfume”, o disco quebrou alguns paradigmas: o primeiro é de que não precisava ser careta para falar de amor. Com letras repletas de sensualidade e uma interpretação inspirada de Rita, o disco traz gemidos e sussurros em letras poéticas.
É o caso de “Lança Perfume”, música de maior sucesso do LP e uma das mais conhecidas do pop brasileiro. “Ousadíssima, não só driblou a censura como caiu no gosto popular. De criança à dona de casa, passando por modernos, roqueiros e diferentes tribos: todos embalados pelo “Lança Perfume” de Rita. Muito do mérito vem do espírito livre do disco, marcado pela força da mulher que também compunha e cantava o prazer de ter prazer com ela. Não por acaso, Rita chegou a descrever a música como “uma coisa de suor, de cheiro”, diz Guilherme Samora, jornalista e estudioso do legado cultural de Rita Lee, que assina o texto de apresentação do disco.
O disco se destacou por misturar diferentes estilos, do rock de legado tropicalista ao jazz, reggae e MPB.
Para comemorar os 40 anos do disco, Rita reencenou a famosa capa do álbum, que teve figurino assinado por Norma Kamali e é tida hoje como uma das capas mais famosas de disco do Brasil.