BOAS NOVIDADES
Segundo dia de show confirmou o fenômeno Mallu Magalhães, mas surpreendeu a revelar uma improvável musa, Catarina
Por Fernando de Albuquerque
Quando se pronuncia o nome Catarina ele pode até soar como um de uma outra mulher. Mas quando entra em cena o sobrenome Dee Jah a coisa muda muito de figura. Logo vem à mente a associação com a imagem da DJ olindense com os vinis que fazem dos clássicos do brega a coisa mais in da noite. Pois é. Foi Catarina, Cáta para alguns da platéia, quem deu partida ao segundo dia do No Ar Coquetel Molotov. A bonita, que “poderia ser um de vocês com um pouco mais de cara-de-pau”, mostrou sua versão cantora ao lado de Felipe S. (Mombojó), Hugo Gila e Matheus Chinelo. E calou a boca de muita gente que dizia: “Ihhhh, Catarina como cantora? Sei não vu!”
O ponto alto da apresentação foi quando ela soltou o “Melô do Pica-pau”, música da banda brega Vício Louco. Mais do que cantar, ela mostrou a que veio pregando palavras de ordem como “abaixo as frescas de Recife!”, e tirou onda com o próprio repertório ao dizer em alto e bom som: “calma que os suequinhos estão chegando”. Apesar do risco que se correu ao colocar no palco principal um artista que ainda está finalizando o primeiro disco, a apresentação de Catarina foi a melhor e mais grata surpresa de todo festival. Longa vida a nova diva olindense.
Mudança abissal, contudo foi ouvir brega e logo depois Owen Pallett, com seu projeto Final Fantasy. O moço é uma espécie de membro “extra” do Arcade Fire, e colabora com Régine Chassagne nos arranjos das canções do Arcade e participa das turnês com o grupo, ainda que não seja um integrante efetivo. O nome é uma grande homenagem ao jogo de videogame homônimo, do qual Pallett é fã ardoroso. Durante todo o show no Teatro da UPFE o músico utilizou um sampler em quase todas as faixas. Controlado por pedal, o aparelho reproduz trechos da canção gravados previamente enquanto Pallett continua tocando. Não há muito a dizer a não ser: encantamento!
Depois de escutar árias, o ouvido da platéia talvez estivesse finalmente pronto para ouvir Mallu Magalhães que diferente do dia anterior, quando chorou no ombro de Camelo, mostrou uma segurança para lá de contagiante. A mocinha de 15 anos tocou violão e gaita ao lado de outros quatro músicos, com um repertório de composições próprias e releituras de Johnny Cash e Bob Dylan.
Os fãs foram ao delírio com o repertório folk e recheado de surpresas da jovem cantora. Com uma blusa e bermuda creme, de linho, cabelos curtos e delicadamente bagunçados e uma pintura verde nos olhos, ela entrou timidamente no palco e executou clássicos como “Your Mother Should Know”, dos Beatles. Seus maiores hits foram cantados a plenos pulmões pelos fãs que lotavam o centro e a frente da platéia do teatro. Na execução de “Tchubaruba”, por exemplo, a voz doce de Mallu se abafou pela empolgação da platéia.
Claro que Camelo entrou novamente no palco e cantou, entre outras músicas, “Morena” ao lado da menina que, segundo ele, “mudou a forma como vejo a música”. Fechando o show, o público ainda curtiu Johnny Cash com “Folsom Prison”. Domínio de palco maior, impossível.
Na seqüência foi a vez do trio Peter, Bjon & John. Boa parte dos fãs de Mallu já haviam ido embora quando eles subiram no palco. No gargarejo um público bem mais maduro requebrou o quadril ao som de “Young Folks”, o maior hit no grupo no Brasil.