Resenha: Curumin canta o mundo caótico no experimental e pop Boca

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8.5

Cotidiano, política e urbanidade no disco mais ousado de Curumim até agora

O mundo caótico de hoje pede uma trilha igualmente caótica como esse Boca, novo trabalho de Luciano Nakata Albuquerque, o Curumin. O “caos” aqui veio na forma de uma inspirada produção que misturou o melhor do pop experimental com a eletrônica, reggae e rock.

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Com faixas batizadas com diferentes tipos de “boca”, esse novo Curumin quer tratar de política, sexualidade, relacionamentos, conflitos de classe e desigualdade em um curtíssimo espaço de tempo (cerca de 35 minutos). A ideia é que atravessamos um turbilhão de referências, sons e texturas de maneira abrupta, sem aviso, que desnorteia o ouvinte (no bom sentido) e nos ajuda a relacionar o conceito do álbum com esse cotidiano cada vez menos centrado em que vivemos.

Cronista do cotidiano, Curumin segue com a sua mesma proposta desde que surgiu com Achados e Perdidos (2002). Ele apenas muda a sonoridade com que destila suas letras sobre a vida. Primeiro trabalho desde Arrocha, de 2012, o músico saiu das batidas calorosas e dançantes de faixas como “Selvage” e “Passarinhos” para uma proposta mais experimental como “Boca de Groselha”. Entre as participações nessa produção ousada estão Russo Passapusso (em “Boca Pequena No. 1”), Rico Dalasam (na faixa mais rap do disco, “Tramela”) e Anelis Assumpção, em “Paçoca”, uma das melhores dessa atual fase de Curumin.

É um disco com muitos elementos, para se descobrir aos poucos, mas com uma ousadia bem-vinda no pop brasileiro.

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