Entrevista Cidadão Instigado

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Foto: Luaka Bop/Divulgação

SOMENTE UM CARA ROMÂNTICO
Fernando Catatau, líder do Cidadão Instigado, fala sobre novidades de sua banda, o Cidadão Instigado

Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!

O cearense Fernando Catatau milita pela música romântica desde que surgiu com sua banda, Cidadão Instigado. Foi aí que muitos críticos afirmaram o quanto ele era pródigo em se utilizar do brega no rock. Mas, peraí, brega? “Eu acho o mainstream atual do brasil muito mais brega do que esse que dizem ser um estilo musical”, critica. Sua música, notadamente conhecida através dos discos O Método Tufo de Experiências e Uhuuuu! ficou conhecida pelo tom melancólico das letras, e também pela mistura de ritmos nordestinos com sons setentistas.

Um novo disco já está sendo produzido, mas ainda é cedo para comentar seus detalhes. Mas, Catatau já adianta que podemos aguardar surpresas. “Acho nossos discos bem diferentes entre si”, diz o músico. O Cidadão Instigado vem ao Recife para um show no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda.

A Revista O Grito! conversou com Catatau sobre seus outros projetos, como a produção do novo disco de Arnaldo Baptista, (“Me sinto honrado por ter ganho esse presente”), sobre a cena independente atual e o que fazer para se trabalhar com ele.

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Como está sendo feito o novo disco? O que já pode adiantar?
Ainda nao dá pra dizer muito como vai ser o disco novo, mas as mudanças vão acontecendo naturalmente. Acho nossos discos bem diferentes entre si. Esse ainda está sendo construindo, mas estamos empolgados e acho que vai ficar massa.

O que anda inspirando você neste novo disco?
Nada de muito novo. Escuto as mesmas coisas de sempre. Rock em geral, blues. Os clássicos sempre me atraíram e até hoje continuam.

Apesar de ter muitos fãs com o Cidadão Instigado, muita gente não sabe que você trabalha como guitarrista em diversos projetos (Karina Buhr, Otto, Instituto, etc). Como acontecem esses convites? O que é necessário para trabalhar com você?
Eu atualmente toco além do Cidadão Instigado, com minha banda instrumental, Karina Buhr e Otto. Pra eu tocar com alguém eu tenho que antes de mais nada me indentificar muito com o som e com a pessoa. Sou amigo de todas as pessoas que trabalho. Música é algo muito emocional e nao dá pra fazer de qualquer maneira.

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Trabalhar com tantos artistas, seja como guitarrista, seja como produtor, influencia de alguma maneira no seu trabalho?
Lógico que sim. Minha maior escola foram as parcerias que fiz nesses anos tocando. Gosto de fazer coisas que me desafiam. É muito dificil você se colocar com personalidade quando o campo é desconhecido, mas esse é o mais massa.

Você esteve envolvido na produção do novo disco de Arnaldo Baptista. Como foi trabalhar com ele e o que pode falar sobre esse álbum?
Ainda estou envolvido. Estou gravando ainda e tá ficando muito bonito. O arnaldo é uma pessoa muito emocionante. Me sinto honrado por ter ganho esse presente. Não é todo dia que a gente tem possibilidade de estar perto de alguem tão grandioso.

Podemos dizer que o brega agora chegou ao mainstream, mas você foi um dos pioneiros ao introduzir o gênero na cena independente. Como vê a repercussão que o ritmo alcançou hoje?
Eu nunca concordei com esses rótulos que a música romântica levou. Odair José, Roberto Carlos e vários outros fizeram músicas lindas. Eu acho o mainstream atual do brasil muito mais brega do que esse que dizem ser um estilo musical.

Uhuuu! foi um disco bastante elogiado e com muita repercussão. Você acha que é seu disco mais acessível? Já passado um tempo desde seu lançamento, como você analisa esse disco na sua carreira?
Acho que O Método Tufo foi um disco que abriu portas pra gente e talvez seja mais acessível do que o Uhuuu! é muito dificil falar sobre as coisas que fiz. Na real é uma continuidade. Eu só consigo ver um bloco inteiro. Todos os discos ao mesmo tempo. Sei que o Cidadão não é uma banda das mais fáceis, mas construímos uma história com muito trabalho e insistência, daí as pessoas vão conhecendo a obra toda e se indentificando aos poucos. Acho que o Uhuuu! mostra a gente mais maduro do que os anteriores.

As letras do último disco e também do Método Tufo… são destaques do disco. Como você compõe?
Não tenho regra. Vou fazendo cada hora de um jeito diferente. Basicamente escrevo sobre o que vivo e minhas percepções sobre as coisas em minha volta.

Recentemente Wado disse em entrevista as dificuldades de ser um artista independente. Isso chegou a abrir uma discussão no indie nacional sobre a velha batalha de seguir no indie como forma de ganhar a vida. Qual sua opinião baseado na sua experiência?
A verdade é que é necessario muito trabalho e muita dedicação pra conseguir fazer qualquer coisa quando se trabalha de maneira independente. Existem pessoas que trabalham no “independente” em todos os estilos e modalidades possíveis, o que eu acho mais importante são os vínculos certos. Só trabalho do lado de gente que valoriza meu trabalho. O resto eu quero bem longe.

Qual sua lembrança mais remota de querer trabalhar com música?
Desde minha adolescência eu quis trabalhar com música.

Existia uma cena no Ceará quando o Cidadão Instigado apareceu? Ainda é mesmo necessário sair do lugar natal para crescer no eixo do Sudeste?
Fortaleza sempre teve bandas legais e ruins também. Até hoje é assim. O mundo é assim: pra sair de onde mora vai de acordo com os seus ideais. Eu vim pra São Paulo a procura de trabalhar com música e aqui eu consegui estar do lado de varias pessoas legais. Depende muito do que se quer. Pra mim foi bom.

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