Carnaval 2012: Rec Beat reverencia primórdios e novas tendências da música eletrônica

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MUITAS BATIDAS E DOIDICE LATINA NO SEGUNDO DIA

Por Paulo Floro

Para os amantes de música eletrônica, este segundo dia foi o mais interessante de todos. A noite começou com a aguardada presença do Silver Apples, banda americana pioneira no manejo dos sons feitos com sintetizadores. E para encerrar, a presença explosiva dos colombianos do Systema Solar mostrou que o gênero ainda tem muito, mas muito, o que inventar. No meio disso tudo, o festival viu o show do Tony Tornado, que tinha tudo para ser histórico, ruir com uma apresentação previsível.

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O Silver Apples chegou ao palco completamente desconhecido de toda a plateia. Formado nos EUA em 1970, tem como seu único integrante Simeon Cox III (o baterista Danny Taylor, morreu em 2005). Depois da primeira música, todo mundo já estava na mesma sintonia do americano, em batidas que tinham uma atmosfera psicodélica e uma batida orgânica, que vibrava caixas de som (e toráxicas) no Cais da Alfândega.

Simeon tocou faixas presentes na compilação Selections From The Early Sessions (2008) que recupera os melhores momentos dos primórdios da banda, antes de serem reconhecidos como pioneiros num gênero ainda estranhíssimo. Depois da última faixa tocada, o público o pediu para voltar. Mais tarde, no final do dia, outra banda que trabalha com batidas eletrônicas empolgou o Rec Beat, o Systema Solar, da Colômbia. Se o Silver Apples fez um show para relembrar sua importância e pioneirismo, esse combo latino mostrou novos – e ousados – caminhos para a eletrônica.

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Silver Apples: uma lenda toda simpática (Foto: Paulo Floro / Revista O Grito!)

A ideia do grupo foi misturar a cumbia, um dos ritmos mais populares na Colômbia e na América espanhola como um todo, com techno e eletrohouse. Mais do que a proposta sonora, por si só já interessante, eles foram além e vieram com um projeto conceitual completo. Roupas coloridíssimas que mais pareciam saídas de um filme B de ficção-científica, com muito verde-limão, texturas, listras. Sem falar no vocalista Indigo, bastante performático, de vestido e que não parava de dançar e fazer movimentos que pareciam uma instalação de arte nervosa. Com cabeleira enorme e bem esguio, parecia uma mistura de Ney, Maria Bethania nas antigas e Borat.

Revelação musical da Colômbia, a banda vem conseguindo bastante atenção com a releitura da música tradicional de seu país. Tocaram no SWSW e estão escalados para o Lollapalooza. O show foi um dos mais explosivos desta edição e movimentou o público que lotou o Polo Mangue. Bastante performáticos, eles são o tipo de banda que é difícil ficar impassível. Pura doidice que funciona bem no Carnaval.

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O Systema Solar estava manifestado! (Foto: Caroline Bittencourt / Divulgação)

Já Tony Tornado, que chegou na expectativa de fazer um show histórico pela sua trajetória, foi burocrático. O ator e cantor que tem mais de 80 anos (!) subiu ao palco acompanhado de seu filho Lincoln Tornado e a cantora Luana Johns. Com exceção dela, a apresentação foi bem previsível e sem a comoção que se fazia necessária. O problema é que Tony é um figurante de luxo de seu próprio show. Ele canta algumas músicas, mas logo pede licença para Lincoln, que nem sempre consegue atingir o mesmo carisma que seu pai. E tome chavões como pedir coro de vozes masculinas e femininas na plateia (“agora os machões comigo”).

Bom mesmo foi o vozeirão de Luana, que mandou bem nas vezes em que foi solicitada (ótima em “I Feel Good”) e nas dancinhas que o oitentão Tornado fazia. Ícone do soul, Tony Tornado estava afastado dos palcos, mas ainda faz bastante sucesso entre o público, que cantou em coro seu maior sucesso “BR-03”, entre outras canções.

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Oitentão, Tony Tornado ainda rende nas quebradas (Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação)

A noite ainda teve o show do Embuás, projeto pernambucano que mostrou evolução nos últimos anos e o funk do Sany Pitbull, outro que podemos colocar como destaque nessa noite eletrônica.

Nessa segunda, o Rec Beat vai trazer a revelação no rock independente do ano passado, o Bixiga 70. Tem também Lirinha e o projeto novo de Pitty, Agridoce.

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