TODOS OS OLHOS VOLTADOS PARA PATÓPOLIS
De olho nos colecionadores, sem esquecer o tom leve das histórias infantis, quadrinhos Disney ganham novo fôlego nas bancas
Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!
Os quadrinhos da Disney passaram anos invisíveis nas bancas do Brasil, amontoados em uma série de títulos mensais sem muito apelo e com pouco apelo para novos leitores. Recentemente, diversas edições especiais trouxeram um novo gás para Mickey e companhia e que deram uma nova relevância, perdida em anos de certo descaso editorial. Uma delas é Disney Gigante, lançada esta semana, voltado para colecionadores, em formato grande e em preto e branco. As outras duas mais simples são as duas primeiras partes da minissérie Disney GOL, com o gancho da Copa América, que começa em julho na Argentina.
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Disney Gigante terá periodicidade semestral e tem um formato grande (21×30 cm). É a versão nacional de I Gigante di Topolino, editada na Itália e segue sempre um tema. A dessa edição, Os Bandidos, mostra os conhecidos vilões da mitologia Disney, como os Irmãos Petralha e Mancha Negra. Como é voltada para um público mais especializado, colecionador de quadrinhos – mas sem deixar o tom leve das histórias, para crianças – a HQ dá especial valor para o desenho. A escolha do preto e branco ajudou a evidenciar detalhes do traço.
A revistona juntou roteiristas elogiados e bastante conhecedores das referências Disney, como Giorgio Figus, Silvano Mezzavilla, entre outros. Das sete histórias, apenas uma já tinha sido publicada no Brasil. Uma delas, “O Tesouro de Ululoa” tem 60 páginas, divididas em duas partes, com a história de Bafo recrutando diversos criminosos especializados em diversos assuntos, tudo para assaltar um poderoso e ricaço sultão. A maioria tem como protagonistas Mickey e Pateta, as verdadeiras estrelas do idílico que é Patópolis, onde vivem nossos heróis antropomorfizados.
Em Disney GOL, o grande trunfo é o roteiro. Quem ainda não dá muita atenção para esse universo dos quadrinhos vai se surpreender com histórias com narrativas envolventes e com muita ação e humor. A melhor delas abre a segunda edição, que chegou semana passada às bancas, “A Taça Narra: O Campeonato Mundial Desaparecido” mostra Mickey e Pateta voltando de uma aventura na Índia no ano de 1862 e descobrem que a Copa do Mundo não existe mais. Na primeira edição, as HQs se desenrolam entre as copas de 2006 e 2010. Em ambas, um prato cheio para fãs de quadrinhos e aficcionados por futebol.
As HQs desta vez também foram publicadas na Europa, o que mostra que o Velho Mundo tem se mostrado um lugar fértil para esse tipo de trabalho, em consonância com o estilo álbum e com apelo altamente colecionável, que é típico das HQs europeias. Como é uma série que aproveita a ocasião da Copa América, todas as edições trazem um especial com a história do Campeonato. Em ordem cronológica, o texto aborda até 1949. Há até recuperação de imagens antigas, algumas raras como deixa claro a revista. Só faltou explicar quem é Celso Unzeite, que assina a matéria. Daria um valor a mais ao que foio explicado (a leitura é muito boa, inclusive para quem não se interessa pelo esporte).
A editora Abril passou por maus bocados aos olhos dos fãs de quadrinhos, desde os anos 1990, quando seu modelo de venda das revistas de super-heróis, aliado à crise na indústria de comics provocou o fim da sua popular fase áurea à frente de títulos da Marvel e da DC. Ela viu também outro filão sair de suas mãos, o milionário universo da Turma da Mônica. Agora, a editora conta basicamente com a Disney para marcar presença no mundo das HQs. E tem feito um bom trabalho. Além de seus títulos mais antigos, tem investido em séries para colecionadores, como as obras de Carls Barks, especiais como Disney Big, histórias do Super-Pato, Donaldo Duplo e adaptações de romances clássicos.
Com o interesse renovado, novas revistas começaram a surgir. Pateta e Minnie ganharam títulos mensais, além de novos almanaques do Tio Patinhas, Mickey e Zé Carioca. Todas custando cerca de R$ 3. E, claro, o mais clássico dos títulos, a revista mais antiga da gigante Abril, Pato Donald ainda está lá, firme e forte, todos os meses. Custando R$ 2,95, com 48 páginas, já está no número 2.395. É, está na hora de você dar mais atenção aos quadrinhos Disney.
DISNEY GIGANTE 1 – OS BANDIDOS
Rudy Salvagnini, Giorgio Figus, Silvano Mezzavilla, Carlo Panaro e Alberto Savini (texto) e Massimo De Vita, Marco Mazzarello, Silvio Camboni, Roberto Vian e Giorgio Cavazzano (arte)
[Abril, 240 páginas, R$ 14,95]
NOTA: 8,0
DISNEY GOL 1
Carlo Panaro, Peter Hardfeldt, Rudy Salvagnini, Bruno Sarda, Ivan Saidenberg e Paul Halas (texto), Giorgio Cavazzano, Eli Marcos M. Leon, Jesper Lund Madsen, Valerio Heldi, Silvio Camboni, Renato Canini e Andrea Ferraris (arte)
[Abril, 160 páginas, R$ 8,95]
NOTA: 7,0
DISNEY GOL 2
Bruno Sarda, Rafles Magalhães Ramos, Bob Langhans, Carol McGreal e Pat McGreal (arte), Claudio Sciarrone, Aparecido Norberto, Paolo De Lorenzi, Haroldo Guimarães Neto, Andrea Ferraris, Vicar e Giorgio Cavazzano (arte)
[Abril, 160 páginas, R$ 8,95]
NOTA: 7,5