Exposição “Cosmo/Chão” celebra a escultura expandida na Oficina Francisco Brennand

Exposição reúne obras de 14 artistas para explorar novas dimensões da escultura e sua relação com espiritualidade e território

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Foto: Oficina Francisco Brennand/Divulgação.

A partir deste sábado (9), a Oficina Francisco Brennand, em Recife, inaugura sua principal exposição anual, intitulada Cosmo/Chão. A mostra, com curadoria de Germano Dushá e Gleyce Kelly Heitor, reúne cerca de 90 obras de 14 artistas de diversas regiões do Brasil, dialogando diretamente com o legado escultórico de Francisco Brennand. A entrada será gratuita no dia de inauguração.

Celebrando o 53º aniversário da Oficina, a exposição explora a expansão da escultura para além da tridimensionalidade tradicional, abordando a relação entre obra, território e espiritualidade. “Cosmo/Chão é a ideia que desce para tomar forma terrena; e é o chão que sobe, ganhando corpo. É o infinito num punhado de terra. É a incorporação do todo em um contorno”, definem Germano Dushá e Gleyce Kelly Heitor.

Os trabalhos expostos ocuparão áreas ao ar livre, como o Lago das Sombras e o jardim da Accademia, além do espaço interno da Oficina. Artistas como Advânio Lessa, Aislan Pankararu, Castiel Vitorino Brasileiro, Celeida Tostes, Cristiano Lenhardt, Mestre Guarany e Solange Pessoa compõem a mostra ao lado de Brennand, formando uma coleção de obras que abordam temas como identidade, espiritualidade, memória e território.

“No contexto da prática escultórica, essa abordagem é essencial para repensarmos o território, onde o espaço ganha camadas de significação cultural, histórica e espiritual”, afirmou Gleyce Kelly Heitor. Segundo a curadora, o universo escultórico de Brennand “é profundamente simbólico e habitado por mitologias pessoais”, transcendendo o espaço físico e evocando uma relação mística com a terra.

Para a exposição, a escultura é reinterpretada de forma ampliada, envolvendo materiais e conceitos intangíveis como tempo e performance. Germano Dushá observa que essa abordagem transforma a escultura em um “componente que cria signos, firma laços e confere sentido coletivo a um espaço”. Segundo o curador, a prática escultórica de Brennand levou o conceito ao limite. “Ele pensou a escultura como símbolo, como lugar, como ativador do espaço público”, disse.

A gerente artística da Oficina, Olívia Mindêlo, acredita que a interação entre arte contemporânea e acervos tradicionais é uma tendência fundamental para os museus no Brasil. “Nossa tarefa tem sido abrir as portas para essas conversas e aprofundar essa tendência tão necessária à história do país e sua arte”, afirmou.

A Oficina Francisco Brennand, transformada em instituto cultural sem fins lucrativos em 2019, mantém o acervo do artista pernambucano e promove uma programação que inclui exposições e projetos culturais. Desde então, a instituição vem incorporando outros artistas em suas mostras, expandindo o legado de Brennand e promovendo novos diálogos com a arte contemporânea.