O livro O Menino Marrom, de Ziraldo, foi suspenso das escolas municipais de Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais. A decisão partiu da Secretaria Municipal de Educação (Semed) após reclamações de pais sobre trechos considerados “extremamente agressivos”.
A polêmica teve início com um áudio de um suposto pai de aluno da Escola Municipal Marechal Deodoro da Fonseca. O pai alegou que, apesar de a capa do livro indicar que a obra trata de racismo, seu conteúdo, na realidade, “induz as crianças a cortar os próprios pulsos e a fazer maldade”.
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A prefeitura, em nota oficial, destacou que o livro é um recurso valioso na educação, pois promove discussões importantes sobre respeito às diferenças e igualdade, abordando de forma sensível temas como diversidade racial, preconceito e amizade. Contudo, “diante das diversas manifestações e divergência de opiniões”, a Semed requisitou a suspensão temporária das atividades relacionadas à obra “a fim de melhor readequação da abordagem pedagógica, evitando assim interpretações equivocadas”.
A decisão dividiu opiniões entre pais, professores e a comunidade escolar. Muitos professores reagiram à suspensão, apontando o ato como censura. A Secretaria de Educação afirmou ser necessário um momento de reflexão e análise da obra junto aos responsáveis para evitar pensamentos precipitados e depreciativos sobre as temáticas abordadas.
Esse não é um caso isolado de censura a obras literárias no Brasil. Em março deste ano, O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, começou a ser retirado das escolas no Rio Grande do Sul. A diretora de uma escola no município de Santa Cruz do Sul criticou o vocabulário de “baixo calão” da obra em um vídeo. O livro, vencedor do Prêmio Jabuti, aborda o racismo no Brasil e foi selecionado pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) para uso no Ensino Médio. Leia a notícia completa.