Pioneira em um estilo predominantemente masculino, a trajetória da cantora de Bregafunk Rayssa Dias é tema central de um dos oito episódios da série documental Favela.doc, do maior festival de cultura de periferia do Brasil, o Favela Sounds. As gravações em Pernambuco acontecem de 10 a 14 de abril tendo a comunidade de Salgadinho, onde a artista mora, como pano de fundo. O lançamento do primeiro EP da artista, intitulado Independente, está marcado para a próxima sexta-feira (12) no Armazém do Campo, Centro do Recife, e também será registrado para a série documental que tem previsão de lançamento para 2025.
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Potência musical e sociocultural recifense que ganhou o Brasil, o Bregafunk é um dos destaques da série Favela.doc. O projeto tem como proposta principal apresentar uma radiografia da música periférica brasileira, mergulhando nas raízes do Funk, Trap, Samba, Grime/Drill, tecnobrega, R&B, Pagode baiano e Brega. Neste último, uma das personagens femininas de maior destaque na cena nordestina, a MC Rayssa Dias, foi a escolhida para representar o movimento.
Independente
Com uma trajetória de quase uma década, a compositora está em um dos momentos mais importantes de sua carreira. No início do mês, a artista recebeu o prêmio de Melhor MC Mulher do Brega Awards 2024. O reconhecimento se soma a outra conquista do seu trabalho, o lançamento de seu primeiro projeto de estúdio, o EP Independente, produzido em parceria com Wesley no Beat.
O resultado da obra ganha uma celebração especial, um lançamento gratuito na sexta-feira (12), às 21h, no Armazém do Campo, Centro do Recife. Além de Rayssa Dias, atração principal da noite, o evento conta com as participações de DJ Larix, Milena Cinismo, DJ Bonekah, Felipe Original, Calanga, MC Leozinho, CH da ZO e Wesley no Beat, além da presença da MC Nanny Nagô como mestra de cerimônia.
Rayssa ressalta a dificuldade que teve em alcançar esse feito. “Faz três anos que tô querendo lançar um EP, e a oportunidade que eu queria não surgia, não vinha, e o Favela.doc aparece como uma luz iluminando toda essa minha trajetória, na qual eu achava que não iria continuar neste ano de 2024. Eu tô muito feliz de participar não só do Favela.doc, mas de ele estar impulsionando a minha carreira e eu poder falar sobre tudo isso.”
Assim como adentra os universos pessoais de cada personagem, investigando suas fontes de inspiração e colaborações, o Favela.doc também pesquisa o impacto econômico desses gêneros musicais marginalizados, mas culturalmente ricos. A série retrata como a música não apenas contribui para o sustento das comunidades onde prospera, mas também estimula a economia local ao criar oportunidades de trabalho e meios de subsistência para aqueles diretamente envolvidos em sua criação e promoção.
“Eu acredito que o Favela.Doc impulsiona não só o brega funk, mas todas as culturas de periferia, porque a gente que vem de periferia, geralmente, não tem essa visibilidade e não ocupa alguns espaços que são nossos por direito, e por isso não chegamos lá. E o Favela.Doc traz essa visibilidade não só para os artistas, porque não tem a ver só os artistas, mas com os movimentos culturais que acontecem dentro da periferia, que são gigantescos. Então dá voz, espaço e mostra de onde a gente veio.” declara Rayssa.
Sobre o Favela.Doc
A série é uma coprodução do Distrito Federal e Bahia, numa parceria entre a agência Um Nome, reconhecida pela criação do festival Favela Sounds, e a Odun Filmes, responsável por produções renomadas como “Um dia com Jerusa” e “Mato Adentro”. Viviane Ferreira, cineasta baiana cujo último lançamento nos cinemas foi Ó Paí Ó 2, em novembro de 2023, assina a direção e roteiro da obra.
O time do Favela.doc conta ainda com Melina Bomfim, responsável pelo LAB Narrativas Negras, na co-direção e assistência de direção; e os argumentos e produção executiva são dos criadores do festival Favela Sounds, Amanda Bittar e Guilherme Tavares. Fundado em 2016 e considerado um dos mais relevantes para a música do Brasil atualmente, FS é um evento gratuito que acontece na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e reúne cerca de 50 mil pessoas anualmente para acompanhar a nova música periférica do Brasil.
Cenários e personagens
Além das gravações com Rayssa Dias no Recife, as filmagens também percorrem a Baixada Santista, em São Paulo, onde mergulha na jornada do DJ Mu540 (Muzão) e na Amazônia paraense, em Belém, as câmeras adentram os bastidores dos bailes de tecnobrega com Maderito, da Gang do Eletro.
Antes de chegar a Pernambuco, a equipe de produção fez uma parada no Nordeste de Amaralina, em Salvador, no final de março, onde registrou a energia do coletivo TrapFunk&Alívio, que mistura o som do baile funk com a tradição do pagodão baiano. A capital carioca também esteve no roteiro de gravações, com as artistas Deize Tigrona na Cidade de Deus e N.I.N.A. em Manguinhos, Taquara e Praia Vermelha. Em 2023, o Favela Sounds, em Brasília, foi palco para dois episódios especiais, apresentando o samba através dos Filhos de Dona Maria e o R&B com o duo Margaridas.
SERVIÇO
Lançamento EP Independente de Rayssa Dias
Sexta (12), 21h
Local: Armazém do Campo