Um incêndio de grandes proporções atingiu o Teatro Valdemar de Oliveira, um dos mais importantes de Pernambuco, na manhã desta quarta (7). O fogo acontece dentro de um contexto de abandono e descaso que o local vem sofrendo há anos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio teria acontecido de madrugada e a corporação foi acionada às 5h. Não houve vítimas. O teatro fica localizado na Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, área central do Recife.
“A primeira guarnição, ao chegar no local, debelou as chamas sem dificuldades, pois o referido teatro não possuía teto. O local era abandonado, tendo o fogo atingido as cadeiras remanescentes e alguns entulhos do local. Não houve necessidade de acionamento da Defesa Civil, conforme orientação do Sr. TC BM Wagner, supervisor de Operações”, disse o órgão, em nota.
Inaugurado em 1971, originalmente com o nome de Nosso Teatro, o Teatro Valdemar de Oliveira foi fundado pelo escritor e teatrólogo que hoje carrega seu nome para ser a casa da companhia de Teatro de Amadores de Pernambuco e desde então desempenha um papel importante para as artes cênicas no estado. Em 1980, um incêndio chegou a destruir as instalações do espaço, que só foi reaberto sete anos depois.
No ano passado, o local foi depredado e teve parte de sua estrutura roubada, como cadeiras, fiação elétrica, equipamentos de iluminação, ventiladores, bebedouros e troféus.
Polêmicas em relação ao tombamento
O espaço, que é privado, chegou a iniciar conversas com o Governo de Pernambuco em 2022. A proposta inicial era de que o espaço passasse a ser gerido pelo Estado em um contrato de comodato com duração de 19 anos. Porém, com a mudança na gestão estadual, essas negociações teriam que ser reiniciadas.
Em 22 de setembro de 2023, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) oficializou a abertura do processo de tombamento, conforme publicação no Diário Oficial. A solicitação foi protocolada ainda em dezembro de 2022 pelo Grupo João Teimoso e o Movimento Guerrilha Cultural, que esteve à frente do ato da última quarta-feira.
O grupo responsável pelo teatro, no entanto, se posicionou contra o tombamento. “Um tombamento impõe muitas restrições que impedem uma liberdade maior para se fazer uma reconstrução e adequação daquilo que já está em ruínas”, afirmou o advogado e diretor adjunto do TAP, Carlos Alberto Leal de Barros Júnior, em entrevista à Revista O Grito!. “Então, limitaria qualquer iniciativa, tanto público quanto privada, para repaginar o teatro e devolver de forma mais rápida e livre para a sociedade, que é a intenção do grupo.”