Në rope: peça sobre xamanismo e genocídio indígena retorna ao Recife em curta temporada

Apresentações acontecem nesta sexta (25), sábado (26) e domingo (27), no Teatro Barreto Júnior

ANDRE ZAHAR 3 NE ROPE
André Zahar interpreta Euclides Passos, profissional enviado para escrever sobre o assassinato de uma jovem liderança indígena. (Foto: Divulgação).

Após fechar a programação do Festival de Inverno de Garanhuns, o FIG, em 2023, o espetáculo Në rope – A fertilidade da nossa origem retorna ao Teatro Barreto Júnior, no Recife, para uma curta temporada. As apresentações acontecem nesta sexta-feira (25) e sábado (26), às 20h, e no domingo (27), às 19h.

Com roteiro e atuação de André Zahar e Jr. Aguiar, a peça se inspira no pensamento de autores indígenas e narra uma jornada pela espiritualidade ancestral e os dilemas políticos da América Latina. Dividida em três atos, a montagem se funda numa pesquisa iniciada com as obras do xamã yanomami Davi Kopenawa, do escritor Ailton Krenak e outros pensadores.

“Os povos originários da América são guardiões de um conhecimento extremamente sofisticado. Existem e lutam não para proteger a floresta, mas porque são floresta. É a eles que sempre pedimos sempre permissão para este trabalho de pesquisa e criação”, destaca Zahar.

Ao longo do processo e de criação, os dois conduziram ainda entrevistas com pensadores e lideranças como o escritor Kaká Werá Jecupé, o cacique Marcos Xukuru, o cineasta Hugo Fulni-ô e o líder espiritual e artista Nawa Siã Huni Kuin.

Teatro e jornalismo se encontram

A montagem foi atravessada pelos martírios do indigenista Bruno Pereira e do repórter Dom Phillips, no Vale do Javari. Para Zahar e Aguiar, que além de artistas, são jornalistas profissionais, a tragédia elevou a importância da defesa do jornalismo que é feita no espetáculo.

Na peça, André Zahar interpreta Euclides Passos, profissional enviado para escrever sobre o assassinato de uma jovem liderança indígena. Jr. Aguiar, por sua vez, se divide entre os papéis do editor de uma mídia alternativa, o xamã curandeiro e o advogado dos garimpeiros acusados pelo crime.

Em Në rope, a dupla entoa um grito contra a barbárie e o genocídio. O título do espetáculo foi extraído do livro A Queda do Céu, no qual o termo é traduzido como o “princípio da fertilidade da floresta” pelo antropólogo Bruce Albert a partir de entrevista com Davi Kopenawa.

“Há uma urgência, um alerta que estamos vivenciando na luta e defesa dos povos originários. O Brasil está ressignificando o lugar destes povos, cujas tradições guardam uma riqueza inestimável, na construção de nossa identidade nacional e, principalmente, na construção de nossa herança humana como povo latino-americano. Mas o país também guarda na memória de sua colonização o sangue inocente destes povos massacrados, escravizados e discriminados pelo poder opressor que aqui se instaurou com as bênçãos da igreja e dos impérios europeus”, aponta Aguiar.

SERVIÇO:
Në rope – A fertilidade da nossa origem

Local: Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina – Recife)
Data: 25, 26 e 27 de agosto
Horário: 20h (dias 25 e 26) e 19h (dia 27)
Ingressos: R$ 50 inteira / R$ 25 meia-entrada
Venda de ingressos: apenas na bilheteria
Classificação indicativa: 14 anos