O tarot é pop

De Alan Moore a Tetê Espíndola, as cartas sempre serviram de inspiração para artistas de vários gêneros e lugares

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Foto: Viva Luna Studios/via Unsplash/Creative Commons.

O fascínio e a curiosidade pelo tarot pode ser visto em vários gêneros artísticos. Nas artes plásticas, chamam atenção a profusão de baralhos cada vez mais sofisticados, tendo base ou não nos arquétipos, que se reproduzem no mercado. 

Mas enquanto muitos se debruçam sobre a confecção de novos baralhos, a pernambucana Pally Siqueira, atriz e artista plástica, vem encantando os que visitam seu ateliê com os panôs que vem desenvolvendo com os arcanos maiores. Vários tarólogos têm peças suas, a exemplo de Ronaldo Silva, que os consideram um verdadeiro diálogo com as cartas. 

Na literatura também há algumas referências. Um dos mais conhecidos é o Arcano 17, do surrealista André Breton, lançada em 1945, e cuja capa retrata, obviamente, a estrela do tarô de Marselha. Segundo a crítica, é uma das obras mais ricas em influências literárias, poéticas, políticas e esotéricas do artista. Nele, Breton mistura tarot e cabala.

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O Caminho do Louco, de Alex Mandarino. (Divulgação).

Outro que aborda magistralmente o tema é Italo Calvino, em O Castelo dos Destinos Cruzados. E Lourenço Mutarelli também se inspira nos arquétipos, em O Natimorto

Bem mais sintonizado com o universo pop e com a o consumo rápido, está o best-seller americano A Morte da Sra. Westaway, de Ruth Ware. Ela se pauta no tarot para forjar uma trama de assassinato daquelas de tirar o fôlego. 

O brasileiro Alex Mandarino também enveredou pelo tarot para escrever O Caminho do Louco, de 2016. Na narrativa, um brasileiro deixa tudo para trás para se envolver com um grupo internacional secreto que representa os arcanos do tarot. A finalidade? Restaurar a energia mundial, para o bem, lógico. O personagem central, obviamente, é a própria personificação de O Louco. O homem que se lança sem medo de qualquer perigo.

Nas novelas da TV, o tarot sempre foi tema para tramas de suspense. O Astro, interpretado na década de 1970 por Franscisco Cuoco e depois readaptada em 2011 com Rodrigo Lombardi, trazia o vidente Herculano Quintanilha como um clarividente que lia cartas e fazia premonições. O tom às vezes pejorativo dado ao personagem, entretanto, é tudo o que os tarólogos mais repudiam: a ideia de que o tarot é usado para manipular pessoas. 

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Cena de Promethea, de Alan Moore. (Foto: Reprodução).

Na música, Tetê Espíndola imortalizou as cartas com “Escrito nas Estrelas”. “Caso do acaso, bem-marcado em cartas de tarot” embalou a vida de muitos amantes dos anos 1980.

Nas histórias em quadrinhos, os arquétipos dos tarots são figurinhas carimbadas. Segundo Aristeu Portela, que é fã do gênero, as histórias de Constantine, escritas por Jamie Delano para a revista Hellblazer nos anos 1980; Promethea, de Alan Moore, do final da década de 1990 e a série Lúcifer, de Mike Carey, estão recheadas de referências ao tarot. 

O filme O Cavaleiro de Copas, de 2015, chegou a ser alvo de uma monografia de Luiz Felipe Fuck de Mira (A relação entre o filme Cavaleiro de Copas e a simbologia tarológica – Unespar- 2018), tamanha a semelhança que o estudante viu entre a fita e os arcanos. O Coringa, antagonista de Batman, também é apontado por muitos como o lado sombra da carta O Louco.

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