A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decidiu não punir a atriz Andrea Riseborough e os envolvidos na campanha pela indicação da atriz ao Oscar pelo filme To Leslie. Ela estava envolvida em denúncias de uso incorreto das redes sociais e violação das regras do prêmio quanto à divulgação.
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Por ser um longa de baixo orçamento distribuído por uma empresa pequena, a Momentum Pictures, To Leslie apostou nas redes sociais para viralizar a campanha por uma indicação de melhor atriz para Riseborough. Celebridades como Cate Blanchett, Edward Norton, Kate Winslet, Amy Adams, entre outros, se empenharam em divulgar o filme e moderaram debates com a atriz na reta final de votação dos indicados.
A campanha também pagou anúncios em veículos jornalísticos e fez postagens – hoje deletadas – com menções a outras atrizes, o que é proibido pela Academia. O empenho online deu certo e a atriz conseguiu a indicação, o que dividiu a indústria. Sobretudo pelo fato da indicação de Andrea ter retirado da disputa nomes que eram dados como certo, caso de Viola Davis (por Mulher-Rei) e Danielle Deadwyler, por Till – A Busca por Justiça, ambas atrizes negras em papeis aclamados pela crítica. E, mais importante, apoiadas por grandes estúdios.
Em seu Instagram, a diretora de Till, Chinonye Chukwu, comentou o caso e reclamou do favorecimento e da rede de proteção de artistas brancos em Hollywood. “Vivemos em um mundo e trabalhamos em indústrias que são agressivamente comprometidas em defender o embranquecimento e perpetuar uma misoginia ousada e direcionada a mulheres negras”, disse.
A Academia afirmou na semana passada que estava investigando o caso após diversas denúncias.
O resultado
Em comunicado enviado à imprensa, Bill Kramer, CEO da Academia, disse que o grupo “determinou que a atividade em questão não chega ao nível que a indicação do filme deva ser rescindida”. O executivo, porém, afirmou que o Oscar vai buscar mudanças para impedir que tais expedientes sejam usados novamente. “Nós descobrimos táticas de campanha para redes sociais e divulgação que geraram preocupação. Essas táticas estão sendo lidadas diretamente com as pessoas responsáveis”. Kramer falou ainda que as regras da Academia buscam “garantir um processo ético e justo na premiação”.
A decisão foi feita após uma reunião realizada nesta terça entre o conselho de diretores e membros do braço de atores da Academia.
Além de Riseborough, concorrem à melhor atriz Cate Blanchett (Tár), Ana de Armas (Blonde), Michelle Williams (Os Fabelmans) e Michelle Yeoh (Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo).