Álbum coletivo Mapeando Pernambuco une gerações e estilos em colaborações experimentais

Projeto do músico Benke Ferraz reúne Tagore, Marília Parente e artistas de diversas cidades do Estado

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Benke ao lado do engenheiro de som Tim Gerron. (Divulgação).

Mapeando Pernambuco, projeto do músico Benke Ferraz reúne Tagore, Marília Parente e artistas de diversas cidades do estado, já está disponível para audição. O álbum surgiu após a realização de uma série de oficinas de produção musical gratuitas, no intuito de gerar colaborações entre nomes conhecidos e revelações do que está por vir na cena pernambucana.

“Todas canções foram criadas colaborativamente por músicos e musicistas pernambucanos que se inscreveram para as oficinas realizadas entre março e abril”, explica Benke Ferraz, por e-mail. “Para além dos inscritos, convidei diretamente dois artistas que admiro e com quem já havia trabalhado anteriormente: a cantora Marília Parente que trouxe pra gente um repente futurista, nomeado “Fim da Eternidade” inspirado nas ficções científicas de Isaac Asimov e Tagore Suassuna que criou os versos de “Não Cai de Medo” de improviso logo após ouvir os acordes dedilhados no violão.”

Com realização através da Lei Aldir Blanc, o disco foi inteiramente concebido a partir dos sons enviados pelos inscritos, alguns foram inteiramente gravados com celular. O processo de arranjo se deu abertamente, com Benke garimpando os áudios e iniciando as canções junto com os participantes. Mais de 15 ideias de canções foram iniciadas e trabalhadas até chegarem nas 8 faixas finais.

O principal foco do projeto é mostrar na prática, os vários formatos de produzir música. “Tivemos faixas bem experimentais, ruidosas até outras bem melodiosas que se encaixam facilmente no formato mais tradicional de canção”, comenta o produtor Benke Ferraz. “O processo foi o mais aberto possível, todos podiam ir opinando e me ajudando a direcionar os rumos das músicas. Em alguns momentos até fomos no Youtube samplear sons de músicas conhecidas ou de instrumentos exóticos, como a Table Indiana que aparece ali em “Smokin Jazz”. A ideia foi do Júlio Cesar da banda Travadores”, completa Benke.

Júlio toca na banda Travadores, de Recife e além de ter mandado as guitarras que iniciaram a faixa de abertura “Mapeando.exe”, também colaborou tocando sintetizadores pras faixas de outros participantes e propondo samples que foram usados em outras faixas.

Victor de Lima, de Jaboatão, viu na oficina uma oportunidade para começar a gravar a si mesmo, uma vez que com a pandemia, ficou impossibilitado de tocar sua Rabeca ao vivo, como sempre fez. A partir de duas melodias, que Victor gravou com celular, Benke criou a batida de “Smokin Jazz” que mais tarde ganharia versos em inglês criados pela artista Soul Nascimento, que é de Paulista.

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Manoel Malaquias, baterista da banda OQuartinho e produtor do selo recifense Mormaço Records, trouxe em seus áudios de celular, o violão, a escaleta e dois grooves de bateria que misturava afrobeat e a ciranda pernambucana. Além disso captou também cânticos de um ritual da planta sagrada ancestral Jurema. Tudo isso depois de editado se tornou a base instrumental da canção “Encanto Pernambucano”, que inspirou Gabriel Chagas a criar refrões calcados no MangueBeat.

Outro destaque do disco é a canção “Refém”, primeira faixa do projeto que teve um caráter mais de canção, com letras e vocais gravados por Dimitria Lins, cantora da banda Surt, que faz um rock com bastante peso. A faixa começou a partir de um violão gravado por Diogo Neves, aluno do curso de produção fonográfica da AESO, que depois de ver o arranjo crescer com a produção de Benke e as vozes de Dimitria, adicionou novas camadas de guitarras.

Diogo, junto de Matheus Dalia, foram os músicos que colaboraram em mais faixas, trazendo seus toques para outras canções além das que foram iniciadas a partir de suas ideias. Matheus enviou primeiramente os áudios que criaram guitarras a base de “dale, Dalia”, mas também tocou baixo na “Refém” além de tocar as linhas que guiam o funk da “Headshot PE”, complementando guitarras de Diogo e a bateria de Caio Wallerstein.

Caio, que é produtor do programa Pedrada da rádio Frei Caneca e também baterista da banda Guma – uma das revelações da nova cena pernambucana contribuiu com baterias gravadas com seu celular, utilizadas na faixa de abertura “Mapeando.Exe” e na de encerramento “Headshot PE”.

Ouça: