ESPECIAL MARVEL 70 ANOS – AS MELHORES HISTÓRIAS
O Grito! elege as mais importantes histórias da Marvel, na semana em que a editora inaugura uma nova era, agora como parte da Walt Disney
Por Gustavo Vícola, blogueiro da Revista O Grito!
Em novembro de 1939 chegavam às bancas norte-americanas as revistas Marvel Comics #1 e Marvel Mystery Comics#1, com as estréias dos primeiros heróis da Timely Comics – futura Marvel Comics –, Namor, o príncipe submarino e Anjo, um milionário combatente do crime. Com essa data por base, a editora está comemorando seus 70 anos de publicações em 2009. A Revista O Grito! inicia nesta edição um especial de três partes sobre uma das principais instituições do entretenimento mundial. Num mês de reviravoltas para a editora, agora parte da Disney, preparamos um Top 10 de melhores histórias.
A Marvel já está lançando várias edições em comemoração, como é o caso da mini-série Marvel Project, na qual aventuras inéditas de antigos heróis como Tocha Humana, Namor e Capitão América durante a 2º Guerra Mundial são narradas ao leitor pelo próprio Anjo. The Torch e Daring Mystery Comics Special são também dois outros projetos em comemoração ao septuagenário da Marvel e que irá revisitar dois de seus antigos personagens, o Tocha Humana original e o Repórter Fantasma.
De lá para cá a editora teve três nomes diferentes – Timely Comics, Atlas Comics e, por fim, Marvel Comics –, trabalhou com outros gêneros além dos super-heróis, como o humor no final dos anos 40 e o terror nos vinte anos seguintes, sofreu com a censura após a repercussão do livro A Sedução do Inocente do psiquiatra Fredric Wertham durante os anos 1970 e declarou falência nos anos 1990. Porém, em meio a tantas adversidades políticas, sociais e comerciais sobreviveu por sete décadas e hoje, em 2009, líder no mercado e tendo como seus a maioria dos títulos da lista de maiores vendas do mês, a Marvel mostra estar mais forte do que nunca. E, após sua aquisição pela Disney nesta semana, ficou ainda mais.
Nesses 70 anos a editora publicou um sem número de histórias e inúmeros jovens fantasiaram – e continuam fantasiando – com as aventuras de seus heróis preferidos, das quais muitas tornaram-se verdadeiros clássicos da história em quadrinhos de super-heróis.
Em meio a tantos clássicos não há como uma lista não ser injusta com os que forem deixados de fora. No entanto, em um ano e em uma semana tão importante para a Marvel, O Grito! não poderia deixar de apresentar sua lista de 10 ótimos momentos da editora.
10. “Idade das Trevas” (Hulk)
Em 1994 – ano de publicação da história – a Aids já não era mais o monstro que havia sido nos anos 80. No entanto, ainda se sabia muito pouco sobre a doença e havia muito medo ao seu redor. Nessa história escrita por Peter David e ilustrada por Gary Frank são abordados temas polêmicos como a homossexualidade e a soropositividade, além de mostrar como o medo e a intolerância podem ser piores do que quaisquer sintomas da doença.
Publicada originalmente em The Incredible Hulk #420 (1994); no Brasil, em O Incrível Hulk #164 (ed. Abril, 1997)
9. “Demônio” (X-Men)
Nesta história dos X-Men de 1975 a jovem Kitty Pryde havia acabado ingressar na equipe, e ainda estava se acostumando com seus poderes mutantes, os quais, comparados aos de Wolverine, Colossus, Ciclope, Tempestade ou Noturno pareciam bastante inofensivos e quase inúteis. No entanto, é quando toda a equipe vai para o centro da cidade que Kitty se vê sozinha na mansão com um N’Garai, uma raça de demônios ancestrais que fariam Logan suar para ficar vivo em um combate contra eles. Em uma das mais aterrorizantes e emocionantes histórias de quadrinhos já produzidas a jovem Kitty Pryde prova seu valor. A história é da célebre parceria entre Chris Claremont e John Byrne.
Publicada originalmente em The Uncanny X-Men #143 (1975); no Brasil, em Superaventuras Marvel #42 (ed. Abril, 1985).
8. A saga da Encruzilhada (Hulk)
No auge de sua fúria e irracionalidade o Hulk causou muito mais destruição do que pode ter causado em qualquer uma de suas recentes sagas. Sob a batuta de Bill Mantlo ele foi retratado como um verdadeiro monstro, quase uma força da natureza. Quando todas as tentativas de vários heróis em detê-lo falharam, entra em cena o Dr. Estranho que bane a criatura para o que o “Mago Supremo” chama de Encruzilhada, um nexo dimensional no qual Hulk tem acesso a vários mundos e dimensões diferentes, podendo sempre escolher algum lugar para viver no qual poderá encontrar sua tão desejada paz. Nessa época os leitores puderam conhecer, realmente, o Hulk em seu lado mais selvagem e assustador.
Publicado originalmente em The Incredible Hulk #300 a #313 (1984-85); no Brasil, O Incrível Hulk #52 a #64 (ed. Abril, 1987-88).
7. “Situação: Desesperadora” (Guerras Secretas)
Se alguém tinha dúvidas sobre a força do Hulk, após essa história não há como não dizer que ele não é a criatura mais forte da Marvel. Presos no planeta construído por Beyonder, heróis e vilões enfrentam-se para que a entidade possa conhecer quem é o mais poderoso dentre eles. Quando os vilões arremessam uma montanha inteira sobre os heróis, é o Hulk quem impede que todos sejam esmagados. Escrito por Jim Shooter e desenhado pó Bob Layton esse é um dos melhores momentos da saga Guerras Secretas e um dos mais empolgantes da Marvel.
Publicado originalmente em Secret Wars #4 (1984); no Brasil, Guerras Secretas #4 (ed. Abril, 1986).
6. A morte do Caveira Vermelha (Capitão América)
Ao perceber que está condenado a morrer devido à idade avançada, visto que o efeito do gás que o mantinha jovem terminou, o Caveira Vermelha arquiteta um de seus mais complexos planos para garantir que seu arquinimigo, o Capitão América, tenha o mesmo fim. Em um arco magistralmente apresentado pelo roteiro de J.M. DeMatteis e com os desenhos de Paul Neary, é apresentada a origem do Caveira Vermelha, sua filha e mostrado porque ele é o maior vilão do Universo Marvel.
Publicado originalmente em Captain America #295 a #301 (1984); no Brasil, Capitão América #96 a #99 (ed. Abril, 1987).
5. “Capítulo Final” (Homem-Aranha)
Segunda e última parte de uma história do Homem-Aranha na qual, em busca de um remédio para salvar a vida de sua tia o herói enfrenta o Dr. Octopus na base subaquática do vilão. Além do inigualável roteiro de Stan Lee e da fantástica arte de Steve Ditko, a razão por este momento ser um dos melhores da Marvel é devido ao exemplo de superação que o Homem-Aranha mostra quando se dá conta de que ou torna o impossível em possível ou sua tia morrerá. A incrível cena final da superação do herói foi rememorada em Homem-Aranha #137, da editora Abril.
Publicado originalmente em The Amazing Spider-Man #32 e #33 (1966); no Brasil, em Homem-Aranha #22 (ed. Abril, 1985) e Spider-Man Collection #7 (ed. Abril, 1996).
4. A Queda de Murdock (Demolidor)
Ao descobrir a identidade secreta de seu adversário, o Rei do Crime conseguiu fazer muito mais estrago na vida do Demolidor do que jamais conseguiriam o Mercenário ou os ninjas do Tentáculo. Da noite para o dia Matt se vê sem dinheiro, sem trabalho, sem amigos ou qualquer outro tipo de suporte que poderia lhe ajudar e, em uma vertiginosa espiral descendente o herói desestrutura-se de uma maneira tal que enfrentar o Rei do Crime torna-se uma tarefa impossível. Neste pesado e tenso arco, escrito por Frank Miller e desenhdo por David Mazzucchelli, o personagem é levado a becos tão escuros da alma humana que a maioria dos heróis da Marvel sequer imaginam que existem.
Publicado originalmente em Daredevil #227 a #233 (1986); no Brasil, Superaventuras Marvel #62 a #68 (ed. Abril, 1987-88), Demolidor Especial #2 (ed. Abril, 1990) e Demolidor – A Queda de Murdock #1 a #3 (ed. Abril, 1999).
3. A Saga de Fênix (X-Men)
Chris Claremont e John Byrne foram responsáveis pelos melhores momentos dos X-Men, mas nenhum deles foi tão marcante quanto o arco de histórias que ficou conhecido como A Saga de Fênix, que trouxe a primeira aparição de Kitty Pride, a ameaça do Clube do Inferno e a dramática morte de Jean Grey. Em uma história meticulosamente arquiteta os X-Men presenciaram o aterrador poder da Fênix Negra e entraram em uma batalha para salvar sua amiga da qual nunca tiveram chances de saírem vitoriosos. Este seria, sem dúvida, o primeiro item de uma lista de dez melhores momentos da equipe mutante.
Publicado originalmente em The Uncanny X-Men #129 a #138 (1980); no Brasil, Superaventuras Marvel #25 a #34 (ed. Abril, 1984-85), Marvel Especial #7 e #8 (ed. Abril, 1989), X-Men – Edição Histórica #2 (ed. Mythos, 2002) e Maiores Clássicos dos X-Men #4 (ed. Panini, 2006)
2. “A Morte do Capitão Marvel” (Capitão Marvel)
Em uma época em que os heróis não morriam às dúzias – e muito menos ressuscitavam em igual proporção – a Marvel chocou os leitores com a morte de um de seus maiores heróis, o Capitão Marvel. Em uma batalha anterior contra o vilão Nitro o herói havia sido exposto a gases tóxicos que lhe rederam o surgimento de um câncer extremamente agressivo e inoperável. Cercado de heróis em seu leito de morte, o principal personagem cósmico da editora encontrou seu fim não nas mãos de alguma criatura espacial ou pelo estratagema de algum super-vilão, mas sim devido a uma doença que assusta a todos na vida real. A obra foi escrita e desenhada por Jim Starlin, que havia perdido seu pai a pouco tempo vítima de câncer.
Publicado originalmente em Marvel Graphic Novel #1 (1982); no Brasil, Graphic Novel #3 (ed. Abril, 1988).
1. “O menino que colecionava Homem-Aranha” (Homem-Aranha)
Em uma história na qual o Homem-Aranha visita Tim Harrison, um garoto de 9 anos e um dos maiores fãs do herói, o roteirista Roger Stern comoveu inúmeros leitores nessa que é, sem dúvida, a melhor história da Marvel de todos os tempos.
Publicada originalmente em The Amazing Spider-Man #248 (1983); no Brasil, em Homem-Aranha #19 (ed. Abril, 1985) e em Marvel – 40 Anos no Brasil (ed. Panini, 2007).