Crítica: Kendrick Lamar | good kid, m.A.A.d city

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Narrativa autobiográfica é o grande destaque na estreia de Kendrick Lamar

Desde o início do ano que o disco de estreia do rapper Kendrick Lamar se anunciava como um dos principais lançamentos de hip hop de 2012. Com presença massiva em participações de amigos, apresentações na web, programas de TV, entrevistas, mixtapes e remixes, ele foi mostrando que ser prolífico é prova de relevância nos dias de hoje.

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Seguindo cartilha de sucesso dos colegas Frank Ocean, Ab-Soul e Tyler The Creator, ele também faz parte de um coletivo, o Black Hippy e está ligado à meca do rap independente atual, a gravadora Top Dawg. Sua ascensão rápida o colocou em contato com nomes como Dr. Dre e no meio disso tudo até uma parceria com Lady Gaga foi anunciada. Sua estreia em estúdio, good kid, m.A.A.d city, segue um conceito de rememorar a infância de Lamar e o espírito de subúrbios californianos.

Da capa do disco, às vinhetas que intercalam as faixas do álbum, tudo faz referência às dores e delícias de sua infância e adolescência, com toques de realismo que fogem do clichê das narrativas sobre a periferia. Sua adolescência em Compton, bairro do sul de Los Angeles está presente na sigla do título, “m.A.A.d. city”, que significa “My Angry Adolescence Divided”, segundo o rapper. O primeiro single “The Recipe” apresenta que, musicalmente, Lamar aproxima-se do chillout, com toques de R&B. Ainda pega influências dos acordes rebolativos dos anos 1970 com o gangsta rap dos 90. Em “Swimming Pools (Drank)”, produzida por T-Minus e mixada por Dr. Dre, vemos uma música mais burilada para as paradas, com refrões comerciais que pressionam por um lugar de sucesso no cenário pop. Se bem que, pop mesmo é “Now Or Never”, uma batida dançante com vocais da senhora Mary J. Blige.

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Mas, o que faz dessa estreia de Lamar (mais) uma obra-prima do hip hop é seu talento em contar histórias. Falando de sua vizinhança, contando causos da sua ainda recente vida adulta (tem 25 anos), cenas de violência, prostitutas, necessidade de enriquecer, o rapper mostra uma empatia difícil de encontrar por aí. Seguindo a máxima de falar do local como forma de ultrapassar barreiras e tornar-se universal, Kendrick Lamar soltou um dos discos mais importantes deste ano. [Paulo Floro]

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good kid, m.A.A.d city
[Top Dawg/Interscope, 2012]

Nota: 9,0