Crítica – Disco: Schoolboy Q | Oxymoron

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Foto: Divulgação.
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ScHoolboy Q cria narrativa gangsta rap sobre violência em sua estreia por uma grande gravadora

Em seu terceiro disco, o rapper californiano ScHoolboy Q sedimenta ainda mais o caminho para se tornar um dos mais importantes de sua geração. Oxymoron é seu primeiro trabalho por uma grande gravadora (a Interscope), após conseguir moral de seus pares e arregimentar fãs com dois discos lançados pela TDE. Aqui, ele nos dá sua visão do mundo do Gangsta Rap, usando os clichês a seu favor para contar a história dos perigosos bairros de Los Angeles.

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Longe de subverter a fórmula gasta, Q consegue tornar seu discurso convincente em um dos trabalhos do gênero “Gangsta” mais sofisticados já feitos. A narrativa envolve basicamente dois assuntos-obsessão desse universo: drogas e violência, e tudo o mais que orbita em torno disso. As letras exploram uma receita de exposição acentuada, mais pessoal e próxima dos ouvintes, típico dos rappers dos anos 00. Q trata fala do tráfico, sua relação com a família e da situação dos bairros pobres de LA.

Q é parte do Black Hippy, lendário grupo de rappers do qual faz parte Ab-Soul, Jay Rock e Kendrick Lamar, todos presentes neste novo disco como convidados. Oxymoron recebeu a pressão de ser comparado com o ótimo good kid, m.A.A.d. City, de Lamar, uma ópera rap sobre a infância do músico e sua relação com o mundo do crime, considerado hoje um marco no hip hop. Mas Oxymoron não conseguiu dar esse passo adiante como fez Kendrick Lamar.

Um dos motivos talvez seja a falta de apelo para ouvintes casuais. Q parece não muito interessado em soar carismático em sua retórica, ao contrário de seu colega mais famoso. Seu estilo é mais incisivo, pesado, com batidas fortes com ecos de electro-industrial e rock. Além disso, o álbum soa inconstante, sem uma unidade definida, com muitos altos e baixos para segurar a atenção do ouvinte por seus longos 59 minutos.

Ainda assim, é um disco que impressiona pelo tom apoteótico que o precede. A produção envolveu um time de peso, como Pharrell Williams, Quincy Hanley, Mark Spears e teve participações de Tyler The Creator, 2 Chainz e Raekwon. Pode ainda não ser o disco que irá revolucionar o rap, mas Q consegue cumprir o legado do Black Hippy com um disco à altura da importância do grupo. [Paulo Floro]

Schoolboy-q-oxymoron-deluxecoverSCHOOLBOY Q
Oxymoron
[Interscope, 2014]

Nota: 7,0

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