A obra do repórter fotográfico Wilson Carneiro da Cunha, “o fotógrafo do Recife”, morto em 1986, ficará exposta de forma acessível para todos os públicos na próxima quinta-feira (28), a partir das 18h30, na Fundação Joaquim Nabuco, unidade Derby. O evento marca também o lançamento de Wilson Carneiro da Cunha: do Instantâneo de Rua aos Registros Caseiros, e-book com 130 fotos e textos que comprovam a importância documental, histórica e cultural do legado do fotógrafo. Depois da cerimônia de lançamento, haverá uma conversa com o público sobre o trabalho do artista.
Foram três décadas de atuação, 1950, 1960, 1970, à frente do Kiosque do Wilson, um pequeno comércio de rua instalado na movimentada Rua Nova da década de 1950, na calçada da igreja de Santo Antônio, no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife, onde oferecia serviços fotográficos diversos, das fotos para documentos aos álbuns de casamento.
Porém, a posição estratégica do quiosque e o olhar do fotógrafo, levaram Wilson a ser conhecido pelos “instantâneos de rua”, registro dos passantes, geralmente pessoas elegantes, sozinhas ou acompanhadas, algumas vezes em família, no passeio da tarde. Comerciante nato, após o registro, Wilson entregava um comprovante “sem compromisso”, para que as pessoas voltassem para resgatar seus “instantâneos”.
Mas foi a partir do seu “Kiosque”, que Wilson Carneiro da Cunha registrou a visita da Rainha Elizabeth, fatos importantes do cotidiano da cidade, como as mudanças urbanas, a demolição da igreja de Nossa Senhora dos Martírios e parte do bairro de São José para dar lugar à construção da avenida Dantas Barreto e os flagrantes de rua: a atuação dos batedores de carteira, os banhos de meninos no Capibaribe, ambulantes, o cortejo dos circos que chegavam à cidade e o Carnaval.
Tem a assinatura de Wilson Carneiro da Cunha as fotos que ilustram o cartaz do filme Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, um grupo de palhaços mascarados, na avenida Guararapes.
Sobre a obra
O lançamento do e-book e a exposição de fotos é o resultado de um ano e oito meses de mapeamento e sistematização da obra de Wilson. A equipe de pesquisa foi coordenada pela neta de Wilson, a fotógrafa e arte educadora Bia Lima, em parceria com a curadora do projeto, Bruna Rafaella Ferrer.
O mapeamento incluiu os registros de rua ou “Instantâneos de rua”, como ele chamava, e os flagrantes caseiros, com fotos da família, mulher e filhos, ora posando para as fotos, dirigidas por Wilson, ora em situações adversas, enfrentando as enchentes na década de 1970. Até então, Wilson era mais conhecido pelas fotos “públicas”. Agora ficará disponível para consulta também os registros caseiros, que antes estavam de posse da família ou em posse da filha mais velha, Olegária Carneiro da Cunha, e agora passarão a compor o acervo de WCC na Fundaj.
Serviço: Exposição Wilson Carneiro da Cunha: do Instantâneo da Rua ao Registro Caseiro
Horário: 18h30
Local: Fundação Joaquim Nabuco, Derby (exposição no térreo, Sala Lula Cardoso Ayres e bate-papo no auditório Nilo Pereira, 1º andar)