empathogen
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WILLOW encerra jornada da juventude em “empathogen”

Sétimo álbum da cantora norte-americana chega com maturidade

WILLOW encerra jornada da juventude em “empathogen”
3.5

WILLOW
empathogen
Three Six Zero, 2024. Gênero: Pop/R&B


“Eu sinto que cheguei em um ponto de intersecção específico entre aquilo que sempre quis dizer e o desenvolvimento da minha habilidade de dizer o que quero”, disse WILLOW ao programa de Zane Lowe na Apple Music. Essa frase um tanto confusa realmente traduz bastante da maturidade que a cantora transmite em empathogen, seu sétimo álbum de estúdio. 

A sobriedade do disco vem desde a capa: cenário limpo, com cores próximas ao tom da pele de Willow, que está com uma maquiagem leve, sem camisa e sorrindo. A estética já apresenta um distanciamento grande dos seus dois últimos discos, lately I feel EVERYTHING (2021) e <COPINGMECHANISM> (2022), ambos criados com inspirações post-punk e com uma sonoridade de rock pesado

Mesmo com as diferenças estéticas e sonoras, existe uma relação poética entre esse disco e seus antecessores, todos eles, na realidade. empathogen parece finalizar uma trajetória pessoal da cantora desde Ardipithecus (2015), quando começou a explorar em suas letras reflexões filosóficas, emocionais e existenciais. Ao longo desses quase dez anos de carreira, WILLOW transitou por sonoridades distintas e aprofundou nuances pessoais de sua arte. 

Na produção, os instrumentos de corda brilham durante toda a ouvida. Guitarra, baixo e violão são os guias das canções, mas sempre suavizados pelo piano. Os vocais de WILLOW, também são bem trabalhados – sempre multifacetados -, ora num tom grave da voz de peito até suas harmonias com agudos, habilidade bem demonstrada em “false self”

Nas letras, as incertezas – tão frequentes em suas outras letras – quase sempre dão espaço para afirmações, conclusões íntimas da própria cantora. O single “symptom of life” é uma das melhores composições dela no disco, uma conversa dos dois lados da própria WILLOW tentando chegar a conclusões sobre suas noções de bem, mal, pecado e virtude, e “pain for fun”, colaboração fabulosa com St. Vincent, é outro destaque do disco. 

Na segunda metade do disco, algumas faixas aparecem e deixam o questionamento de porque foram incluídas na setlist. “no words 1 & 2”, “down” e “i know that face.” são como tropeços no fluxo do disco. Curtas e sem muita profundidade nas letras, são faixas que acabam puxando as outras para baixo, como é o caso de “run!”, que fica meio perdida, ainda que seja uma música boa.

sympton of life
“symptom of life” foi o primeiro single do álbum (Foto: reprodução/ X)

Ainda que a segunda metade do disco seja meio prejudicada, empathogen brilha pelo sentido que dá à obra de WILLOW como um todo. Depois de anos vagando entre as dúvidas sobre a própria identidade e sua visão de mundo, agora, como uma jovem adulta, soa coerente que ela tenha se encontrado e começado a se reconhecer nas certezas depois de um caminho longo de questionamentos.

Ouça empathogen, de WILLOW

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