White Lies: tendo a morte como maior hit (Foto: Steve Guillick/Divulgação)
AGRURAS DE MENTIRINHA
Banda inglesa arquiteta plano para lucrar com a depressão alheia. Mas não se engane: é tudo falso
Por Livio Paes Vilela, do Rio de Janeiro
Talvez seja a crise econômica fazendo suas vítimas no mundo das artes. Talvez seja só mentira. Fato é que há um certo burburinho dark vindo das revistas e blogs ingleses (e o resto das publicações brasileiras que se pautam por eles) que relatam de que o Reino Unido e sua juventude passam por um momento muito, muito triste de sua história e alguns artistas usam isso como inspiração para sua música. Na linha de frente desse movimento, estaria o Glasvegas, banda escocesa que conquistou alguns corações com o JAMC-de-estádio do seu disco de estréia, lançado no meio do ano passado. Logo depois deles, o White Lies, trio londrino apontado como promessa e que acaba de lançar To Lose My Life, uma coleção de 10 músicas, uhm, tristes.
O trocadilho é óbvio, mas cabe: a tristeza do White Lies, não se engane, é de mentirinha. Uma mentira fácil de engolir, mas ainda uma mentira. Tudo em To Lose My Life soa forçado, como se os três integrantes estivessem executando um plano para ganhar dinheiro com a depressão de outros.
Está tudo aqui: letras que parecem roubadas de uma antologia de poesia romântica ruim (“Let go old together/And die at the same time” é a minha preferida), vocal empostado Ian-Curtis-style indicando a suposta gravidade dessas palavras e um post-punk de botique do mais fuleiro, com ganchos e refrões chicletes que fariam um fã de Goo Goo Dolls (“Iris“, lembra?) corar de vergonha alheia.
É como se no pior dos pesadelos, o Cure (ou o Bauhaus, ou o Sisters Of Mercy) tivesse se transformado numa boy band para gravar a trilha de Crepúsculo. Ou se talvez já vivêssemos um revival de 2005, quando o Interpol ainda era realmente relevante e o Editors, o Boy Kill Boy, e o Departure eram bandas promissoras. Pensando nessas possibilidades, a morte que eles tanto cantam não parece uma alternativa tão ruim assim.
“Tudo tem que ser amor ou morte”, crava o vocalista Harry McVeigh em “Death”, faixa de abertura do disco e maior hit da banda. Ele não nos deixa escolha: que seja ódio e vida então.
NOTA: 2,0
[audio:http://www.likesounds.com/media/08-farewell-to-the-fairground.mp3]
“Farewell To The Fairground”
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