O LUXO DE WATCHMEN
Edição definitiva e livro de bastidores são pérolas editoriais para que fãs e não fãs coloquem na estante
Por Danielle Romani
WATCHMEN – EDIÇÃO DEFINITIVA
Alan Moore (texto) e Dave Gibbons e John Higgins (Arte)
[Panini, 460 págs, R$ 120]
OS BASTIDORES DE WATCHMEN
Dave Gibbons, Chip Kidd, Mike Essl
[Aleph, 280 págs, R$124]
Os fãs de Watchmen estão em festa: depois do lançamento do filme, um pacote completo sobre a minissérie acaba de aportar nas livrarias. O mais comemorado, obviamente, foi o relançamento da própria história em quadrinhos, que há tempos só era passível de ser encontrada em sebos, ou em lojas especializadas, sempre em edições avulsas e com preços pra lá de exorbitante.
Apontada como a versão definitiva da história – quem o diz são os próprios Dave Gibbons (desenhista e arte finalista) e John Higgins (colorista) -, o exemplar de luxo, com capa dura e 460 páginas é impecável, e traz correções e extras que não puderam ser conferidos pelos fãs no lançamento original, que aqui no Brasil aconteceu em 1989.
O acabamento da edição é luxo puro: a gramatura do papel é bem superior às das edições anteriores, e além de todos os adendos que já tinham vindo em edições extras publicadas nas últimas décadas, no final deste volume se poderá conferir ainda mais croquis e artes-finais produzidas por Gibbons.
Mas o que impressiona mais nesta nova edição é a nova colorização, refeita digitalmente por Higgins, que na década de 1980, devido a falta de recursos gráficos, não conseguiu obter exatamente os tons que queria.
Valendo-se de recursos digitais, a nova colorização é um capítulo a parte, e o artista conseguiu chegar lá: na nova edição, os tons lilás, roxo, grená, granada, misturados com mostarda, amarelo, só para citar algumas das surpreendentes misturas criadas por Higgins (que, pelo menos na década de 1980, saíam totalmente da paleta usada pela Marvel e DC) dotando a narrativa de ainda mais vigor e vida.
Alan Moore, o magistral criador desta minissérie que é considerada um dos 100 melhores romances de língua inglesa do século 20, também fala do seu trabalho de criação nas páginas finais da edição. Enfim, a edição definitiva parece ser realmente definitiva. Um livro para fãs ou não terem na estante. Para sempre.
Se a reedição da história foi um feito e tanto para colecionadores e admiradores da minissérie de Alan Moore, outro lançamento é igualmente bem-vindo: Os Bastidores de Watchmen, assinado por Dave Gibbons, é uma obra fundamental para quem conhecer a fundo a minissérie. E não só isso: um livro essencial para quem quer saber como se mete a mão na massa para fazer uma HQ.
Obviamente que o processo narrado por Gibbon data de duas décadas, o que certamente faz diferença, se pensarmos nos processos digitais hoje disponíveis. Mas de qualquer forma, é uma boa mostra da trabalheira e do tempo que requer para produzir uma HQ.
Gibbons esmiúça tudo, tudinho mesmo, sobre a série que promoveu uma virada nos quadrinhos. Conta como conheceu Alan Moore, e como os dois começaram a trabalhar o roteiro que, a principio, teria personagens conhecidos, e não uma nova galeria de “mascarados” criados por ele e o roteirista inglês.
Página por página, Gibbons vai mostrando esboços, recursos para driblar dificuldades, soluções técnicas e dúvidas surgidas durante a execução da história, que durou quase três anos de trabalho pesado e puxado, e que envolveu apenas ele, Moore e Higgins. Quando se lê o depoimento do artista, é que se tem idéia da tarefa monumental executada por ele, traço a traço, quadro a quadro.
Também é interessante avaliar o quanto ele e Moore estavam alheios à revolução que iriam provocar no universo dos HQs, e que os fez rodar os Estados Unidos, visitando convenções de quadrinhos, e sendo aclamados como mestres.
O livro, em si, é outra pequena obra-prima, com relatos, acabamentos e depoimentos, inclusive fac-similes de cartas enviadas pelos editores da DC rasgando-se em elogios. Um belo e primoroso testemunho do que rolou nos bastidores de uma das maiores sagas já criadas no universo dos quadrinhos.
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