TRY IT AGAIN
Em mais uma tentativa de redirecionar sua carreira, Wanessa Camargo agora investe no estilo “popozuda light”
Por Gilberto Tenório
WANESSA CAMARGO
Meu Momento
[SonyBMG, 2009]
A máxima do “menos é mais” parece ter sido a principal inspiração de Wanessa Camargo para abandonar o sobrenome familiar e adotar o simples e moderno (????) Wanessa. Com visual repaginado, toda trabalhada nos salões de beleza e lojas da Oscar Freire, a jovem cantora reaparece com um estilo bem diferente do costumeiro. Se um dia Wanessa quis ser Sandy, hoje ela parece se espelhar nas popozudas J.Lo ou Beyonce.
O primeiro single de Meu Momento já deixa clara a opção por essa nova fase. “Fly”, um dueto com o rapper americano Ja Rule, poderia muito bem estar num CD de alguma cantora americana de “R&B”. Poderia? Depende. A canção, uma espécie de desabafo de Wanessa para aqueles que a consideram fútil e vazia, tem até uma batida razoável. Entretanto, a cantora não chega a mergulhar de cabeça no estilo “cachorrona” das suas colegas gringas. Isso fica bem claro no clipe, onde uma Wanessa meio tímida parece querer se esquivar do cafuçu que tenta se esfregar nela.
Mas as tentativas de parecer moderna do CD não param no primeiro single. A eletrônica “Desejos” traz a artista com voz etérea e robótica; o reggaetón “Gosto tanto” pega carona no ritmo que já está um pouco passado e a pop “Não me leve a mal”, uma coisa assim, meio “Ana Carolina”, traz versos de gosto duvidoso como “minha cabeça não é degrau”.
Em todas essas canções, e nas demais faixas do disco, as mesmas qualidades e defeitos parecem se repetir. Wanessa, diferente de Sandy, por exemplo, tem uma presença mais simpática e real. Porém, se de um lado vemos a clara e esforçada intenção da filha de Zezé de Camargo em explorar novas sonoridades e, talvez, encontrar um estilo próprio, do outro o que temos é um punhado de canções descartáveis, com arranjos óbvios e que na verdade não conseguem dar uma unidade ao projeto. Até a roqueira Rita Lee foi escalada para dividir os vocais com Wanessa no cover de “Coisas da vida”. Conclusão do esdrúxulo encontro: a idade realmente parece interferir nos critérios de alguns artistas…
NOTA: 5,0