Republicação de tiras clássicas de Baraldi, lançada pela extinta Opera Graphica mostram evolução do autor
Por Matheus Moura
VALE-TUDO
Marcio Baraldi
[Opera Graphica/ Rock Brigade, 48 págs, R$ 10,00]
Finalzinho de 2008 teve a republicação das primeira tiras e histórias de Marcio Baraldi, reunidas no livro Vale-Tudo. Nele já dá para se ver o embrião do atual “Baraldão”. Como os originais foram publicados em preto-e-branco, ele recoloriu todas elas em modo digital. O leitor só teve a ganhar. Cores vibrantes e chapadas marcam esse trabalho. As temáticas vão desde críticas à estrutura familiar, passando por direito dos Animais (a melhor história do livro), até o sistema religioso. Claro que um “jovem sindicalista”, como o próprio Baraldi se auto-define, não deixaria de abordar contradições do sistema capitalista.
Pontos marcantes da publicação: Baraldi em parceria com outros dois ícones dos quadrinhos brasileiros – e underground –, mais o penúltimo lançamento da – agora – extinta Editora Opera Graphica. O livro Vale-Tudo, além de marcar o fim de uma ópera, dá início a outra sinfonia, desta vez menos harmônica por se tratar de um rosnado: GRRR!…, ou pode-se ler como Gibi Raivoso, Radical e Revolucionário!, o selo do Marcio Baraldi. Já os referidos ícones dos quadrinhos são: Marcatti e Bira Dantas. O primeiro tem uma rápida colaboração numa HQ tão nojenta como de costume se vê sair da cabeça de Marcatti. Bira já mostrava seus belos traços e vêm para completar e dar um clima especial as histórias em que colabora. A parceria rende até uma excelente piada de metalinguagem.
O livro ainda conta com duas introduções. Uma é escrita pelo jornalista Paulo Ramos e a outra pelo – também jornalista – Gonçalo Junior. Nas orelhas há a retrospectiva da vida de Baraldi dando uma boa base dos feitos desse que pode ser considerado um dos maiores e mais ativos cartunistas do país.
NOTA: 8,5
Terceiro livro coletânea dos personagens reafirma poder da crítica cultural de Baraldi
ROKO-LOKO E ADRINA-LINA – BORN TO BE WILD!
Marcio Baraldi
[Editora Opera, 48 páginas, R$ 10,00]
Esse é o terceiro livro que reúne em ordem cronológica as tiras (de 2002 a 2004) dos personagens “mais rock’ n’ roll do Brasil”, como bem está descrito na capa. A publicação mesmo foi lançada em 2006. Porém, vale a pena ser lembrada até por conta do recente prêmio que Baraldi ganhou: o Angelo Agostini, como melhor cartunista de 2008.
Tanto o Born to be Wild! quanto o Vale-Tudo, demonstram bem o potencial do autor. Ao contrário do álbum mais recente, no Roko-Loko, Baraldi não precisou recolorir as tiras, mantendo, assim, as cores originais pintadas à mão. Os traços mesmo mantêm o padrão já consagrado do autor. O destaque maior, portanto, fica por conta das sacadas e a boa utilização da cultura musical. Há piadas que vão desde grupos de Black Metal (Dimmu Borgir), passando por Folk Metal (Tuatha de Danann) ao Hard Rock (Guns n’ Roses) e ao Punk (Ratos de Porão).
Além disso, Baraldi, trabalha em cima do filme musical Hair (filme que aborda a guerra no Vietnã e cultura Hippie), de 1979, dirigido por Milos Forman. Destaque também para a HQ “O Sonho não acabou”, nela o tema mais uma vez é a paz – esta em especial já até foi republicada em livros didáticos; “Era um garoto que como eu amava os Pistols e os Ramones” é uma homenagem póstuma a Joy Ramone. Outro músico que recebeu honrarias similares foi Joe Strummer com a história “O Guerrilheiro do Rock”. Há ainda uma participação da roteirista da personagem Katita, de Anita Costa Prato, que escreve a HQ inédita Buggy, Buggy, Vai, Vai!
Para finalizar, como de costume são duas introduções. Uma escrita por Antonio Carlos Monteiro, jornalista da Rock Brigade – revista que publica as tiras de Roko-Loko e onde o personagem surgiu. A outra é de Mário Latino – “cartunista nicaraguense radicado no Brasil”. [MM]
NOTA: 8,0