CAT POWER: PASSADO E FUTURO EM 10 MÚSICAS
Experimentando novos sons eletrônicos, show de Cat Power deve surpreender fãs no Brasil. Escolhemos as dez faixas mais emblemáticas da carreira da cantora
Da Revista O Grito!
Chan Marshall, 41, mais conhecida como Cat Power, chega ao Brasil esta semana em uma nova fase na carreira. O novo disco lançado ano passado, Sun, traz experimentações eletrônicas (de leve) e um som mais dançante e menos sofrido que os trabalhos da fase inicial, como o clássico Moon Pix (1998). Por isso, as apresentações no Brasil podem ser uma surpresa até para o fã mais ferrenho. Os shows acontecem neste sábado no Rio de Janeiro, depois seguem para o Recife, no domingo e terminam em São Paulo na terça. Ainda há ingressos à venda.
Cat Power se transformou em espécie de ‘heroína indie’ com o passar dos anos e ficou conhecida por discos emotivos, marcados por influências de jazz e soul. Nos anos 1990, ela gravou álbuns depressivos, marcados por letras diretas inspiradas em seus relacionamentos. A mudança veio em 2003, com You Are Free, discos com mais riffs e animação.
Apesar de bonita e adotada pelo mundo fashion por seu estilo, ela nunca explorou a beleza para se vender. No imaginário do pop, sempre serviu de inspiração como uma mulher forte, de muita introspecção, mas que não esconde os próprios sentimentos. Na vida pessoal tem histórico de problemas com alcoolismo, hoje superado (chegou a cancelar uma turnê mundial em 2006). Nos shows, sempre uma incógnita. Chan tanto pode surgir com um espírito mais leve, apostando em um show mais folk e de ritmo lento, como pode explorar suas influências funk, com canções mais rápidas, intercaladas com discurso desbocado.
Adorado pela crítica, o novo disco de Cat Power mostra uma cantora mais segura, talvez equilibrada e apostando em novas sonoridades. É esta Chan Marshall que o Brasil vai ver neste final de semana. Fizemos uma lista com as 10 melhores faixas de Chan Marshall. Não se trata apenas de um aquecimento para o show, mas sim uma seleção para quem quiser conhecer o melhor da carreira dela, que vale a pena.
10 – “Cherokee”
Do disco Sun (2012)
Em seu novo trabalho lançado no ano passado, Cat Power testa novas referências do pop sem deixar de lado um trabalho autoral – sua marca registrada, o jeito de cantar. “Cherokee” é prova disso. É uma faixa que contrasta com músicas do início da carreira por ser um tanto dançante, mas traz o estilo introspectivo de cantar. O clipe também merece registro: Cat loiríssima e bandida em uma trama que mistura índios e seres mutantes!
9 – “Speaks For Me”
Do disco You Are Free (2003)
“Speaks For Me” nem é a mais famosa faixa do disco, mas tem um DNA dos antigos trabalhos de Marshall, pois começa marcada por melancolia, para depois mudar de direção e terminar com peso e apelo pop.
8 – “Metal Heart”
Do álbum Moon Pix (1998)
Disco clássico do indiepop e bastante representativo da carreira de Cat Power, Moon Pix mostra uma Chan Marshall debulhando sobre seus próprios erros e relacionamentos que não deram certo. É um disco muito dolorido e foi escrito em noites solitárias em uma pequena propriedade quase inacessível na Carolina do Sul, onde a cantora foi deixada sozinha após ser abandonada pelo seu então namorado Bill Callahan, cantor folk americano. A história foi contada por sua biógrafa não-autorizada Elizabeth Goodman.
7 – “Rockets”
Do disco Dear Sir (1995) e Myra Lee (1996)
A música é bem típica dos primeiros anos de Cat Power, pesada, minimalista, angustiada. Curiosamente, entrou nos dois primeiros discos, Dear Sir e Myra Lee, lançada no ano seguinte (Marshall deve ter curtido bastante a ponto de repetir). Ambas foram gravadas em um porão em Nova York, com a cantora cantando bem afastada do microfone, dando um efeito interessante. Quase nunca aparece em shows.
6 – “American Flag”
Do disco “Moon Pix” (1998)
Faixa que abre Moon Pix e é uma das mais dramáticas da carreira da cantora. Parece um lamento e tem um quê de pessimismo, como se ela antecipasse que não irá facilitar no resto do disco. É um hino em que a monotonia serve à proposta de evidenciar a tristeza.
5 – “Werewolf”
Do disco You Are Free (2003)
You Are Free é o mais longo disco já gravado por Cat Power. Cerca de 40 faixas foram escritas para o álbum e 14 foram escolhidas. Foi gravado durante intervalos de turnês e outros compromissos. Ou seja, foi um extensivo trabalho até chegar neste que é um dos mais elogiados e bem acabados registros da cantora. “Werewolf” tem um arranjo de cordas de David Campbell que parece dialogar com a voz abafada de Cat Power. É o melhor do lado jazzístico que a cantora nunca abandonou.
4 – “I Don’t Blame You”
Do disco You Are Free (2003)
A faixa conta a história de uma estrela do rock que é destruída pela fama. Durante anos, se levantaram hipóteses de que a letra fala de Kurt Cobain, que cometeu suicídio em 1994. A cantora negou o quanto pode, mas acabou revelando que se inspirou no líder do Nirvana em uma entrevista para o Guardian em 2012. Acabou se tornando um pequeno clássico dos anos 1990 e é uma das faixas preferidas de Marshall, sempre presente em shows.
3 – “The Greatest”
Do álbum The Greatest (2006)
Em 2006, Cat Power ainda usava sua voz rouca a favor de uma melancolia bem marcada por mágoas passadas – grande parte envolvendo relacionamentos e sentimentos sobre a vida, a cidade, etc. Mas, em The Greatest já temos Chan Marshall em uma espécie de reverência à autoestima, o elogio a uma mulher forte, determinada. É o caso dessa belíssima “The Greatest”, faixa-título do disco.
2 – “He War”
Do disco You Are Free (2003)
O single “He War” é da fase mais ensolarada e roqueira da cantora. Aqui ela parece se reconhecer como ícone pop, mulherão, quase diva. A faixa tem bateria de Dave Ghrols e tanto pode aparecer mais pesada em shows como uma baladinha mais lenta. Sem falar que o clipe é massa.
1 – “Manhattan”
Do disco Sun (2012)
Das areias do deserto em “Cherokee”, Cat Power dá uns bordejos por Manhattan, em Nova York. Como o clipe, a faixa promove esse estilo mais despojado da cantora atualmente, disposta a experimentar novos ritmos. Dá a impressão de uma cantora mais segura, e por que não, feliz. É a melhor faixa do seu novo trabalho, Sun, marcado por experimentações em música eletrônica.
Serviço
Cat Power no Brasil
Rio de Janeiro: Dia 18 de maio, no Circo Voador (rua dos Arcos, S/N). Horário: 22h. Preço: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia). Mais informações.
Recife: Dia 19 de maio, no Catamarã (Caia das Cinco Pontas, S/N). Horário: 16h. Preço: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia). Abertura: Mellotrons. Mais informações.
São Paulo: Dia 21 de maio, no Cine Jóia (pça Carlos Gomes, 82). Horário: 22h. Preço: 180 (inteira) e R$ 90 (meia), esgotados.