The Smile Wall of Eyes
The Smile Wall of Eyes

The Smile – “Wall of Eyes”:, um spin-off do Radiohead livre de expectativas

Formado por Thom Yorke e Jonny Greenwood, o grupo aposta na psicodelia e rock experimental em disco cheio de boas ideias

The Smile – “Wall of Eyes”:, um spin-off do Radiohead livre de expectativas
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The Smile
Wall of Eyes
Self Help Tapes/XL, 2024. Gênero: Rock, Pop


O The Smile tem na sua formação dois integrantes do Radiohead, Thom Yorke e Jonny Greenwood, ao lado do baterista Tom Skinner, ex-integrante do Sons of Kemet. É bem difícil fazer uma audição do grupo sem tecer comparações com a banda britânica responsável pelo Kid A e OK Computer, sobretudo quando percebemos semelhanças demais. Wall of Eyes, o segundo disco do grupo (que sai apenas um ano depois da estreia Light For Attracting Attention) é um interessante compêndio experimental que coloca o rock em interação com diferentes estilos, buscando saídas que não diferem muito do “art rock” apresentado pelo Radiohead nos últimos 20 anos.

A diferença é que o The Smile não tem a mesma expectativa de uma banda como o Radiohead, que nos últimos anos adquiriu um status quase mítico e cujos trabalhos possuem um altíssimo escrutínio sobre o que significam para o rock e suas inúmeras possibilidades. Dissociada dessa pressão de uma “vanguarda” do rock, o The Smile pode apostar e errar mais, o que acaba gerando um trabalho mais dinâmico, por vezes imprevisível e mais experimental.

Wall Of Eyes avança um pouco mais na psicodelia já apresentada no disco de estreia, como a faixa “Bending Hectic”, sobre um acidente de carro suicida, de oito minutos de duração, que traz uma guitarra repetitiva e sons que vão se sobrepondo até seu final caótico. “Under Our Pillows” tem proposta parecida, mas agora com uma levada jazzística, porém com um final igualmente abrupto. Há momentos interessantes em que o trio flerta com o minimalismo, como na ótima faixa-título bossanovística.

The Smile.
Foto: Frank Lebon/Divulgação.

A voz de Yorke segue sendo um instrumento por si só, com diferentes flexões e interpretações, com destaque “Friend of a Friend”, cuja letra política fala a partir de uma perspectiva pós-Covid. Mas o disco nem sempre acerta ao apostar na estranheza, como “I Quit”, com sua base de piano em diálogo com uma guitarra aguda, que é modorrenta desde os primeiros acordes. “You Know Me”, com Yorke em falsetos, é surpreendentemente intimista, mas repetitiva em relação ao que o Radiohead já apresentou em diferentes momentos, mas sem o apelo pop e a produção azeitada.

Wall of Eyes aposta em caminhos interessantes, mas o The Smile, enquanto projeto paralelo, guarda semelhanças demais em relação ao grupo original de dois de seus integrantes.

Ouça The Smile – Wall Of Eyes

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