Peso com um pouco de ternura na estreia
Por Mariana Mandelli
THE PAINS OF BEING PURE AT HEART
The Pains of Being Pure at Heart
[Slumberland/ Fortuna Pop, 2009]
Uma garota, três caras e muito barulho em Nova York. Parece nome de filme tosco da sessão da tarde, certo? Parece, mas o The Pains of Being Pure at Heart é exatamente isso: Alex, Kurt, Kip e Peggy, quatro jovens que se juntaram em 2007 para formar uma banda absurdamente influenciada pela atmosfera taciturna dos anos 80, pelo shoegaze do My Bloody Valentine e pelo dream pop do Teenage Fanclub.
Depois de alguns EPs, o disco de estréia, que leva o (ótimo, por sinal) nome da banda, chega como uma seqüência de mircrofonias, barulhos e ruídos diversos, baseada em guitarras que ilustram o melhor do noise pop e vocais que entrelaçam timbres femininos e masculinos. “Hey Paul”, por exemplo, é daquelas de encher os ouvidos, de tantas distorções e microfonias.
O interessante é perceber como, apesar da obsessão pela barulheira, a banda não se perde e consegue conduzir progressivamente a melodia de cada faixa – é só ouvir “This Love Is Fucking Right” e “Stay Alive” para constatar esse talento do The Pains. O indie rock delicadamente denso de “Contender” e “The Tenure Itch” também é uma prova disso, assim como a levada punk-quase-Ramones de “Come Saturday” demonstra essa mesma característica do grupo.
A bateria também emerge contagiante – caso da ótima “A Teenager In Love”, com vocal e sintetizadores climáticos, e da fofa “Young Adult Friction”. Já “Gentle Sons” tem batidas que lembram os melhores momentos de Kevin Shields e sua trupe do shoegaze.
Começando a carreira – e o ano – com muito barulho, o The Pains of Being Pure at Heart deve sustentar seu ótimo e sólido disco entre os destaques de 2009.
NOTA: 7,5