THE FRATELLIS
Here We Stand
[Island, 2008]
Quem não se empolgou com a delícia de música que é “Flathead” não viveu os melhores momentos do indie rock de 2006. Depois de alcançar o sucesso com o debut Costello Music, o trio escocês formado por Jon Fratelli (vocal e guitarra), Barry Fratelli (baixo) e Mince Fratelli (bateria e vocais) lança seu segundo disco, Here We Stand. Só que, contrariando as expectativas, o novo trabalho é um tanto decepcionante para quem esperava saborear as guitarras suingadas e os riffs sujos como os de “Henrietta” e “Chelsea Dagger”.
Menos energético e dançante, Here We Stand, apesar de muito bem produzido (solos, gaita e outros efeitos e instrumentos permeiam o disco) é daqueles álbuns que passam despercebidos. Poucas são as canções marcantes – algumas faixas são especialmente chatas, como é o caso de “My Friend John”, “Stragglers Moon” e “Jesus Stole My Baby”.
“A Heady Tale” e “Tell Me A Lie” são os melhores momentos do disco e ainda refletem a mistura de country, punk e indie rock do primeiro trabalho. A primeira tem piano, bateria e palmas vibrantes, enquanto a frenética segunda tem refrão grudento e guitarras arrebatadoras. Além disso, as duas lembram muito o som do White Stripes – até a voz de Jon Fratelli soa como o timbre de Jack White.
As melodias divertidas e riffs pegajosos, de um modo geral, ainda se fazem presentes – caso de “Shameless”, “Look Out Sunshine!” e “Mistress Mabel” – mas soam forçadas porque parecem uma mistura de Arctic Monkeys, Buddy Holly, Weezer, Supergrass, Kings Of Leon, The Clash e The Jam direcionada ao sucesso.
Um fato curioso do álbum é a queda do Fratellis por propensas “baladas” com ares country nesse novo disco, como “Acid Jazz Singer” e “Babydoll”. Já “Lupe Brown”, mesmo com a bateria marcada e o solo no final, tem um jeitão de canção fofa da fase “romântica” dos Beatles e, por esta razão, parece trilha sonora do filme The Wonders –O Sonho Não Acabou (1996). outra calminha é “Milk And Money”, com teclado britpop, coro e viagem sonora nos acordes finais.
Apesar da irresistível e barulhenta sujeira do debut ter sido praticamente vaporizada, o disco até consegue divertir. Só que o Fratellis vai ter que comer muita macarronada para que o próximo álbum não fique na mesmice tímida em que Here We Stand está aprisionado.
Nota: 6,5