A série pernambucana Pretas da História muda o foco de registros oficiais que costumam invisibilizar determinados corpos para exaltar os feitos de figuras femininas negras que ajudaram a construir a história do Brasil. Para mudar esse panorama, a produção que evidencia vivências de nomes simbólicos da luta antirracista e feminista do país, passa a ser exibida nos intervalos da programação da TV Pernambuco, a partir desta quinta-feira (20).
O projeto, dirigido e roteirizado por Danielle Valentim, com produção executiva de Pollyanna Melo, resgata as trajetórias de dez mulheres pretas que deixaram legados na construção do país, seja por meio de seus pioneirismos, enfrentamentos, estratégias de sobrevivência e resistências. Cada episódio possui três minutos de duração, com um aprofundamento nessas histórias, tendo o apoio de imagens de arquivos e entrevistas.
“O Pretas da História surgiu antes mesmo de ser concebido como um projeto audiovisual, quando eu ainda estava nas pesquisas da graduação. Estudava fotografia do século XIX e me deparei com os inquietantes retratos de mulheres escravizadas. As imagens me hipnotizaram e ao mesmo tempo causaram desconforto. Incômodos com a lascívia de corpos negros que permanecem imutáveis, até o tempo atual. Então me questionei como eu poderia contribuir para mudá-los. Fui estimulada por um grupo de amigas a transformar isso tudo em algo que pudesse ser compartilhado com o mundo e a partir daí iniciamos a realização do projeto. Encarei como missão fazer ecoar a força das minhas ancestrais. Espero que as mensagens de amor, fé, força, resiliência e esperança que essas personagens nos trazem, toquem muitos corações e ajudem a potencializar as trajetórias de pretas que estão fazendo história.”, explica a diretora Danielle Valentim
As dez personagens históricas são: Dandara, Aqualtune, Xica Manicongo, Nzinga, Páscoa Vieira, Esperança Garcia, Tereza de Benguela, Rosa Egipcíaca, Rita Cebola e Luzia Pinta.
“Ainda somos um país muito carente de informações sobre a nossa própria história. Essa falta de acesso faz com que a gente não se reconheça e acabe por perpetuar preconceitos. Nesse sentido, ao ser exibida numa TV pública e aberta, para todas as faixas sociais e etárias, a série contribui para uma reparação histórica que é urgente. Com um formato de ‘pílulas’ audiovisuais, os episódios poderão ser vistos em diferentes horários durante a programação, o que amplia seu alcance e ajuda a reverberar a vida e a importância dessas mulheres”, afirma a produtora executiva Pollyanna Melo.
Os episódios são conduzidos por Mohana Uchôa, com depoimentos da professora Maria Emília Vasconcelos. A equipe envolvida no projeto é composta em sua maioria por mulheres. A série foi realizada com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), por meio da Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco, com apoio da TVPE.