Samico ganha exposição-homenagem na Caixa Cultural do Recife

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Mostra é também uma homenagem ao artista, morto em novembro passado. (Divulgação/CaixaCultural).
Mostra é também uma homenagem ao artista, morto em novembro passado. (Divulgação/CaixaCultural).

O pernambucano Gilvan Samico, um dos mais importantes xilogravuristas do Brasil, ganha uma mostra-homenagem inédita na Caixa Cultural, no Recife.

Linhas, Trançados e Cores: no Reino de Gilvan Samico traz um resumo da arte do xilogravurista pernambucano, falecido em novembro do ano passado. Serão apresentadas 39 gravuras, 13 desenhos, uma caixa em marchetaria e um documentário exclusivo. A mostra será aberta às 19h do dia 5 de junho e a visitação gratuita vai de 6 de junho até 10 de agosto, de terça a sábado das 12h às 20h, e aos domingos das 10h às 17h.

O pernambucano é um dos maiores nomes da xilogravura nacional e ficou conhecido por explorar o universo poético do imaginário nordestino, sempre apresentado como um espaço mítico. A paixão e o interesse pela estética da cultura regional nordestina levou Samico, nos anos 1970, a trocar o expressionismo pela visualidade tropical ligada ao cordel. Então, figuras do cotidiano, narrativas locais, lendas, animais fantásticos, símbolos religiosos e personagens bíblicos passaram a se fundir em sua obra para criar alegorias cujos motes são a fantasia e o romanceiro popular di Nordeste

Pintor, desenhista e professor, Samico era conhecido por seu traço preciso, misturando luzes e texturas. Era também muito meticuloso, chegando a demorar meses e pedir até três provas de uma mesma obra. Começou a carreira em 1957 e foi premiado em 1960 no 16º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco. O reconhecimento de seu trabalho alcançou o Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York, que tem obras em seu acervo, e participou duas vezes da Bienal de Veneza

Divulgação/CaixaCultural.
Divulgação/CaixaCultural.

Segundo a assessoria da Caixa Cultural, Samico deu seu consentimento para a continuidade deste projeto, que já estava em andamento quando ele se internou. “Perguntei se ele ficava satisfeito com esta exposição vir a acontecer, se ele confiava que eu a idealizasse. Disse-lhe que se ele não quisesse, eu não faria. Magro, debilitado, ele me deu bênção”, disse Renata Pimentel, curadora da exposição. “Também me falou o quanto era ainda cheio por dentro, o quanto ainda havia tanta coisa dentro dele. Samico segue em mim e em todos que conhecem sua obra, porque por ela e nela se encantam e se deixam povoar. Samico é muito maior que qualquer técnica, qualquer suporte em que tenha criado; imortalizou a si mesmo nas narrativas que deixou em seu poético reino de linhas, trançados e cores”, relembra.

A entrada da exposição é gratuita.

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