Em 26 de julho, o Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA), o principal sindicato de atores dos Estados Unidos, deu início a uma greve que está marcando a indústria de videogames. Com a paralisação em andamento há quase dois meses, as negociações e suas repercussões evidenciam as crescentes preocupações sobre o uso da inteligência artificial (IA) no setor.
A greve é resultado de um impasse nas negociações entre o SAG-AFTRA e diversas grandes empresas de jogos, incluindo Activision, Electronic Arts, Epic Games e Warner Bros. Games. O principal ponto de discórdia é a proteção dos direitos dos atores em relação ao uso não autorizado de suas vozes e movimentos por IA. O sindicato argumenta que as ofertas feitas pelas empresas não abordaram adequadamente essas preocupações, levando à decisão de iniciar a greve.
Os atores em greve representam uma variedade de títulos de destaque no mercado de videogames, incluindo franquias como Call of Duty, Fortnite, GTA e Marvel’s Spider-Man. Entre os membros do SAG-AFTRA que apoiam a greve estão nomes como Troy Baker (The Last of Us), Jennifer Hale (Baldur’s Gate 3) e Noshir Dalal (Red Dead Redemption II).
Enquanto os estúdios que já possuíam contratos para projetos em andamento podem continuar suas atividades, a produção de novos títulos enfrenta desafios significativos. Jogos com lançamentos previstos para o final de 2024 e início de 2025 podem sofrer atrasos, afetando o cronograma de lançamentos e o planejamento financeiro das empresas envolvidas. Jogos de grande orçamento e franquias populares estão particularmente em risco, dado o papel crucial dos atores na criação de suas narrativas.
A greve também levanta questões mais amplas sobre o papel da IA na indústria de entretenimento. Embora a tecnologia ofereça novas oportunidades para a criação de conteúdo, a falta de regulamentação clara e a rápida evolução das ferramentas de IA geram preocupações sobre como essas tecnologias podem impactar o trabalho criativo e os direitos dos trabalhadores.
“Não vamos consentir com um contrato que permite às empresas abusar da IA em detrimento dos nossos membros. Basta. Quando estas empresas levarem a sério a oferta de um acordo com o qual os nossos membros possam viver – e trabalhar – estaremos aqui, prontos para negociar,” declarou Fran Drescher, presidente do SAG-AFTRA.
As empresas de jogos, como Activision e Electronic Arts, enfrentam dificuldades para avançar em projetos que dependem das dublagens e performances dos atores. A situação também tem o potencial de criar um efeito dominó em outras áreas da indústria do entretenimento, especialmente em Hollywood, onde questões semelhantes sobre o uso da IA estão sendo debatidas.