Uma história sobre sexo, bandidos e rock n´roll
Por Lidianne Andrade
ROCKNROLLA – A GRANDE ROUBADA
Guy Ritchie
[RocknRolla, ING, 2008]
Só o cinema possui a capacidade de criar um bom gangster. Um malvado com tiradas irônicas e bem humoradas, para deixar o espectador com a idéia de “ele era mal, mas com uma puta cabeça”. Com as mesmas boas sacadas e um toque bem maior de cinismo e talento, o diretor Guy Ritchie lança Rock N´Rolla, um filme para poucos botarem defeito.
A repórter que vos escreve particularmente nunca conseguiu contar a história de um filme de Ritche pra ninguém. Tem tantos personagens que você sai sala com comentários com “aquela mulher de preto” ou “aquele malvado da pizza”. São tantas tramas que chega-se a confundir o vilão com o bonzinho. A parte positiva é o final: tudo fica bem amarradinho e sempre boas surpresas.
Dessa vez não é diferente. Com roteiro e direção de Ritchie, o longa, ambientado na Londres atual, conta a historia de um tipo poderoso de Londres, o Lenny Cole (Tom Wilkinson), subornando vereadores para conseguir licenças para a construção de prédios em locais a princípio proibidos. Um manda-chuva russo deverá pagar sete milhões de euros para ele, mas o dinheiro é roubado pela gangue de um escroque. Esta é apenas a trama principal. Tem cantora tentando passar a perna, dupla tentando roubar e sair por cima do maioral da cidade… Enfim, todos os tipos de mentira do mundo em pouco mais de 112 minutos de filme.
Gângsteres, suborno, violência, vingança, mercado negro aliado à especulação imobiliária e muito mais valioso que a bolsa de Nova York já são uma excelente chama para as salas de cinema. Mas, se ainda isso não impressionar, fique com a primazia dos 10 minutos de perseguição policial alucinante com carros, caminhões, batidas, gritos, tiros, motos, entre outros. Tudo para ser um bom filme másculo do gênero violência. O elenco foi realmente escolhido a dedo. Destaque para a atuação de Gerard Butler (300, P.S.: Eu Te Amo), como o criminoso inexperiente One Two. Tom Wilkinson (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças) e Thandie Newton (Crash – No Limite) também dão um show em tela.
A grande jogada da direção foi abrir mão de toda a violência para deixar RocknRolla assumir seu lado cômico – caso da seqüência sobre o inusitado envolvimento homossexual entre dois mafiosos. Há sempre uma transição entre os dois gêneros (ação e comédia) conduzida com primazia, sem deixar faltar em nenhum dos lados.
Se você já viu algum filme deste diretor, sabe que só existe dois sentimentos para o estilo de Ritch: ame-o ou deixe-o. Ou você curte, ou descarta tudo e acha um saco. Para entender melhor, dê uma passada na locadora e assista os anteriores Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch – Porcos e Diamantes. Novamente, verá muita trapaça, brigas, humor satírico e tiradas inteligentíssimas no roteiro, bem no estilo Ritchie de ser.
Este talvez seja um dos filmes mais esperados do mês pela mídia. Claro que ser marido (atualmente em processo de separação) da mega pop star Madonna ajuda um pouco na divulgação e expectativa, aumentando muito a responsabilidade do cara, mas não a causa magna de declarar bem sucedida a obra de Ritchie. Vale baixar a cabeça e confirmar: Ricthe fez um bom trabalho. Como curiosidade, o orçamento foi de US$18 milhões.
NOTA: 8,0
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