Ro Araujo traz afrofuturismo feminista em seu disco de estreia, “Afruturo”

Jongo, funk, bossa nova e cumbia se encontram nas letras potentes da artista

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(Foto: Tiago Liel/ Divulgação)

A força e o sonho de uma vida se concretizam em Afruturo, álbum de estreia da cantora Ro Araujo. Bebendo da brasilidade e navegando em sonoridades como a cumbia e o soul, a cantora traz em seu primeiro trabalho solo 12 faixas que enaltecem a cultura negra, enquanto aborda temáticas espinhosas como a reparação histórica, direitos femininos, autoconhecimento, padrões estéticos, entre outros. O disco já está disponível nas principais plataformas de streaming.

“O projeto é o sonho de uma vida, porém a decisão de realmente escrever, gravar e lançar tomou forma há poucos meses atrás, após um momento traumático na minha vida em que corri risco de morte. Foi neste momento que reconheci a urgência de resgatar esse sonho, falar sobre temas que realmente são importantes pra mim e parir minhas próprias ideias”, revela Ro Araujo.

O disco sucede o lançamento dos singles “Raridade” e Nesse som, o último lançado também com um videoclipe produzido por meio da Lei Paulo Gustavo e que conta com versão audiodescritiva e com Libras. Com mais de 50 mil visualizações, o vídeo é um jongo-funk que enaltece a cultura brasileira, com a participação de dançarinos, capoeiristas, skatistas, o grupo Baque Mulher, entre outros. Gravado em Nova Iguaçu, terra natal da cantora, e em pontos importantes para a história cultural afrodescendente no Brasil, tais como Cais do Valongo, Arcos da Lapa e Praça Mauá, todos na cidade do Rio de Janeiro. 

O álbum pode ser definido como um pop brasileiro com referências à ancestralidade e a latinidade. Símbolo de um momento de transformação na vida de Ro Araujo, o disco traz letras corajosas embaladas em uma mistura de ritmo empolgante. Como na faixa “Contra o vento”, que mistura a bossa nova com a cumbia; ou em “Proteção”, que mistura orixás ao maracatu, com toques de soul pop e dançante. 

Ro Araujo Afruturo capa
Capa do álbum (Divulgação)

“O trabalho bebe da brasilidade, da cultura popular e música negra não só brasileira, mas também da América Latina e até mesmo norte-americana. Minhas influências musicais são muito diversas, passam tanto por clássicos da MPB até Anitta, sou uma pessoa muito aberta musicalmente, o que acredito que se reflete também na sonoridade do disco. Gostei de, por exemplo, fazer uma música que é um funk, mas com uma letra que fala sobre padrões de beleza, sobre procedimentos estéticos, como um deslocamento de temáticas dentro de um ritmo que ainda é muito machista”, reforça Ro Araujo.

Alinhando discurso à ação, a equipe de Ro Araujo é, em sua maioria, de mulheres, e a artista é acompanhada no disco pelas cantoras Ju Santana, na faixa “Eu não ando só”; Ananda Jacques, em “Serpente”; e Aiane, na música “Proteção”. Da vulnerabilidade que originou a criação do disco “Mulheres Artistas em Residência – Volume 1”, foi na união destas mulheres que a artista encontrou seu porto seguro.

“O processo de composição com elas foi fluido, leve. Uma das motivações foi sentir que gostaria muito de mostrar outras facetas, criar uma nova relação com a música e com o público, em que eu pudesse me despir dos medos e me conectar de uma forma mais genuína”, finaliza Ro Araujo.

Ro Araujo e Ju Santana Credito Gabriela Furlan
Ro Araújo e Ju Santana (Foto: Gabriela Furlan/ Divulgação)