“MINHA PLATAFORMA É O ÓCIO CRIATIVO”
Rita Lee volta ao Teatro Guararapes após 15 anos pra desfilar hits e rasgar o verbo
Por Rafaella Soares
Repórter da Revista O Grito!, em Olinda
Foi a sexta-feira mais concorrida em muito tempo, no Recife. Rita Lee no Teatro Guararapes – Centro de Convenções, após 15 anos, foi apenas um dos nomes que se apresentaram na cidade, ontem (31). Ali do ladinho tinha também Ana Carolina, no Chevrolet Hall. No Cabanga Iate Clube tinha Lulu Santos (que agrega mais ou menos o mesmo perfil de público), Mombojó tocou no Teatro da UFPE… e no Marco Zero, uma das figuras de maior apelo pop do país, o presidente Luís Inácio Lula da Silva himself, em comício com sua pupila Dilma e todos os nomes que compõem a majoritária no Estado.
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Talvez como forma de provocação, sempre muito pertinente na voz da titia do rock, Rita disparou: “Eu voto nulo. Caetano se perguntava em 1968 ‘É essa a juventude que está fazendo a revolução no país?’ Mas naquela época vivíamos uma ditadura militar. Hoje, é uma ditadura da putaria!” Isso dito, logo no primeiro intervalo do show, que começou pontualmente às 21h30, levantes começaram a pipocar na platéia. Alguns em apoio, outros mais inflamados, em retaliação. Mas nem esse princípio de climão estragou a noite, ainda mais com um resultado de iluminação tão moderno e, de fato, esfusiante.
Uma sequência de hits irrepreensíveis, começando por ”Agora só falta você”, “Pagu”, “Bwana Bwana”, “Amor e sexo” – dedicada ao casal Zezinho Santos e Turíbio, que casaram em 2009 numa recepção que contou com uma apresentação de Rita. “Meu, tou perdendo a novela, hoje…Vcs não assistem novela?” provocou a roqueira. “Novela faz parte da cultura brasileira!”. O filho, Beto Lee, guitarrista da turnê, foi ao microfone nessa hora, soltou: “Engraçado, mãe, não lembro de você vendo novela quando eu era pequeno…” E a ruiva respondeu: “Assistia sim, filho. Desde a TV Tupi”. A plateia riu, aplaudiu e ela emendou com o tema da novela “Ti Ti Ti” (remake atualmente no ar, na Globo).
O quesito “oi?” da noite foi garantido pela participação especial de um Michael Jackson cover, cantando “Bad”. A maior parte está de sobrancelhas levantadas até agora. A parte visual do show é um espanto. Além da iluminação de LED, o telão é harmonizado com projeções bem específicas em cada música. De cair o queixo, mesmo. A sucessão de clássicos não parou. “Doce Vampiro”, “Ovelha Negra” – seguida de uma longa explicação dos versos, talvez sua canção mais escancaradamente auto-biográfica, e uma linda declaração de amor à Roberto de Carvalho. Depois rolou um medley “Banheira de espuma” e “Chega Mais”, seguida de “Lança-Perfume”.
No bis, já com a plateia toda em pé, rolou “Ando Meio Desligado” (PASME!) , “Mania de você”, com novo arranjo, um tanto estranho, e os standards “It’s Only Rock’N’Roll, but i like, it”, dos Rolling Stones.