CARAÍBA
Flavio Colin
[Desiderata, 120 páginas, 2007]
Este texto foi publicado originalmente na edição impressa da revista Plaf. Acesse a página especial da revista e compre as edições anteriores.
Por Paulo Cecconi
Um pouco sobre Colin: ele amava o Brasil, abominava super-heróis estrangeiros e não obteve o devido reconhecimento pelo seu trabalho em vida. Por isso, a divulgação de suas obras ainda é muito importante, e Caraíba faz parte da coleção.
A natureza e o folclore brasileiro eram temas recorrentes nos gibis do Colin, abordados em álbuns como Mapinguari (Opera Graphica) e O Curupira (Pixel), mas é Caraíba, publicado pela Desiderata, cinco anos após sua morte, um dos gibis que mais merece destaque.
Caraíba representou muita luta e decepção para Colin. Tentou publicar no Brasil e não conseguiu. Tentou publicar na Europa e não deu certo. Além disso, segundo o próprio Colin, só recebeu de volta os originais da primeira história. Tudo bem. Também segundo ele, Caraíba é um gibi para o público brasileiro.
Caraíba era um caçador dos bons, conhecedor das matas, que trabalhava para um traficante de peles. Um dia, encontra o Curupira e muda completamente de atitude. Vira o protetor da floresta amazônica.
Com a arte de Colin no auge de sua estilização, o costumeiro impacto que causa, seu domínio narrativo, a notória expressividade de seus desenhos e histórias sobre a natureza que nunca poderiam ser confundidas com uma reles tentativa de educação panfletária, Caraíba não é só um dos gibis mais lindos do autor, como um dos mais importantes.
A edição da Desiderata traz três histórias do projeto original de Colin (dos anos 1980), em formato álbum, o que valoriza a arte do autor, com painéis grandes e espaçosos, além de vários textos e curiosidades.
O reconhecimento era algo distante de Colin em vida. Eu adoraria que sua existência póstuma tivesse maior visibilidade.