A terceira noite do Festival Rec-Beat foi, sem dúvida, a mais agitada. Uma multidão se reuniu, desde o começo, para prestigiar os artistas. Mas, sem dúvida, o show mais apoteótico da noite foi o do rapper Emicida (SP), que arrematou uma multidão para cantar suas músicas num show de quase 1h e meia.
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O show contou com músicas do atual álbum do rapper, AmarElo (2019, Laboratório Fantasma), mas também com outros sucessos dele, como “Passarinho”, parceria de Emicida com Vanessa da Mata. Bastante político, ele não deixou de comentar questões como preconceito e violência, mas também pautas esperançosas, como muitas de suas músicas trazem, como a aceitação identitária e a persistência contra os percalços.
Desde a primeira música, o público tornou-se o próprio backing vocal de Emicida, não deixando de cantá-las, nem de performar. Próximo ao final do show, por volta das 1h30, ele canta a faixa “AmarElo”, single em parceria com Majur e Pabllo Vittar, em um momento de catarse do público. O show de Emicida trouxe ainda uma cenografia belíssima e uma banda super azeitada que trouxe ainda mais complexidade melódica ao som do rapper.
Outra grande surpresa foi a apresentação de Ana Frango Elétrico (RJ), que abriu a noite de shows. A cantora e poeta carioca fez um show incrível e conseguiu fazer com que o público ficasse com ela até o final. Seu mais recente trabalho, o Little Electric Chicken Heart, foi bem reproduzido. A não-obviedade de seu trabalho é o que mais fascina; “Chocolate” foi a música mais pedida pelos fãs. O som das guitarras, dos sintetizadores e sua voz e jeito introspectivo trazem um efeito sublime à artista.
Como de costume, o Rec-Beat aposta, todo ano, em artistas locais para subirem ao palco. Nessa noite, a escolhida foi Flaira Ferro. Se pudéssemos descrever um show dela numa frase, seria igual ao nome do seu mais novo trabalho: Virada no Jiraya (2019). Atenta a uma performance exemplar, uma vez que, além de cantora e comunicadora é, também, dançarina, Flaira já começou sua apresentação de forma triunfal, desfazendo-se de uma capa que a cobria, numa letra profunda e de palavras mastigadas.
Bastante combativa e interessada em questões políticas, suas músicas dizem muito sobre os sentimentos, no âmbito individual, mas também em críticas sociais atuais no atual Governo. Foi emocionante ver todo o público cantar “Estudantes”, faixa que celebra o pensamento crítico e a educação no país.
Claro que precisamos elogiar os fabulosos DJs e grupos que se apresentaram: Dj Dolores & Recife 19, que iniciou uma nova formação com a presença de Erica Natuza e, diretamente da França, Guts. O primeiro a se apresentar mostrou um show indescritível, uma vez que os arranjos, o beat e toda a performance é singular, com diferentes misturas de ritmos e faixas que se conectam com sonoridade local. Já o francês agitou a galera com músicas eletrônicas e remixes com músicas mais conhecidas do grande público e, também, brasileiras.
O Rec-Beat caminha para seu último dia com muito mais música, bandas e DJs.