O Rec-Beat mostrou personalidade com o primeiro dia de shows na sua edição de 20 anos neste sábado (14), no Cais da Alfândega. E quem é veterano do festival sabe que uma de suas vocações sempre foi o interesse na riqueza dos ritmos afro-brasileiros e suas intersecções com o pop. A maior prova desta proposta se deu com o show de Lucas e a Orquestra dos Prazeres, uma mistura de percussão, performance e tradição.
Lucas vive uma ótima fase da carreira. No ano passado ele encantou o público recifense na gravação de seu DVD no teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, no final do ano passado. Depois de algumas apresentações em espaços menores, ele sedimentou sua relevância dentro da nova cena independente local. No Rec-Beat sua presença de palco se agigantou.
Com uma mistura de dezenas de instrumentos ele conseguiu orquestrar uma belíssima apresentação que rememorou ancestrais africanos e o poder da cultura afro dentro da música brasileira. É uma experiência sonora que funciona mais no palco que em qualquer formato físico.
Ainda dentro da proposta de explorar ritmos afro com inovações do pop, a noite teve ainda Russo Passapusso. Nome integrante do Baiana System, ele chamou atenção da indústria da música ano passado com o ótimo disco de estreia solo, Paraíso da Miragem. Chegou ao Rec-Beat em seu melhor momento.
A noite teve ainda como destaque DJ Dolores, que trouxe a sua Banda Sonora. Depois de se apresentar com outras bandas no passado, onde explorava o mix de world music, pop e ritmos tradicionais nordestinos, Helder Aragão vem explorando desde o ano passado seu trabalho junto ao cinema nacional. Ele é autor de diversas trilhas de sucessos recentes como Tatuagem e O Som Ao Redor. O show no Rec-Beat contou ainda com a participação de sua velha colaboradora, Isaar.