POR UMA REVOLUÇÃO FASHION E DESCOLÊ
Pesquisadora analisa moda criada pela rainha, que após mudar os rumos da História morreu com make-up e figurino perfeitos
Por Talles Colatino
RAINHA DA MODA: COMO MARIA ANTONIETA SE VESTIU PARA A REVOLUÇAO
Caroline Weber
[Jorge Zahar, 454 págs, R$ 69]
Nunca houve mulher como Maria Antonieta. Pelo menos não na corte francesa. Aquela que foi do trono à forca soube, como nenhuma outra, transformar uma França pré-revolucionária (e com todos os climas angustiantes de uma revolução prestes a eclodir) em seu paraíso de doces pecados. Ela, que nunca atendeu quaisquer expectativas acerca do comportamento esperado de uma máxima dama da corte, soube fazer em seu espaço várias revoluções comportamentais que resultariam num rico trabalho estético, principalmente no quis respeito à moda. E é sob a razão do mundo fashion criado pela peripécias, jóias e peças em seda de Antonieta que a pesquisadora americana Caroline Weber lançou o livro Rainha da Moda – Como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução, que chega ao Brasil pela Jorge Zahar Editor.
O livro surgiu no mercado editorial americano na mesma época, mas talvez mais aclamado, que o filme dirigido por Sofia Coppola sobre a nada ortodoxa rainha. Ele funciona como uma detalhada biografia de Antonieta, que denuncia a densidade histórica da sua atuação como rainha e como suas atitudes e ousadias com roupas e acessórios estão diretamente ligadas à suas decisões. Do traje de montaria masculino aos excêntricos penteados, dos vestidos cravejados de brilhantes ao modesto estilo pastoril, suas roupas transformaram o rigoroso e pedante cerimonial da corte.
A aura quase sacra do reino caiu por terra a cada ação de sua rainha. Uma das histórias que mais gerou auê na época foi quando ela, poucos meses depois de se casar com o delfim da França, recusou-se a usar o rígido espartilho de barbatana de baleia que a tradição da corte exigia. Sua simples atitude de abrir mão dessa nada confortável peça foi um dos maiores impactos políticos da época, movimentando e sendo repensado por inúmeros governantes da época. Os escândalos de Antonieta fizeram dela um dos maiores símbolos feministas que sua época soube, mesmo que aos trancos e barrancos, suportar.
O livro de Caroline Weber mostra que a moda, pensada e recriada pela rainha, instaurou caminhos e novos rumos no destino da história. Prova disso é que, mesmo quando a Revolução a condenou à morte, por traição ao seu marido, Antonieta seguia para a guilhotina trajando um impecável e adornado vestido branco. A atitude só reafirmava, mesmo a poucos passos da morte, que ela não se submeteria a pouco, ainda mais na frente de tantos que formaram o cerco para ver cabeça com penteados moderninhos rolando. E que se fosse para morrer, que seja vestindo musselina e arrasando na make up.
Confira algumas pintura da Rainha e seus modelitos