Jovens Vingadores vivem momento novelão
Quando surgiram, os Jovens Vingadores trouxeram um frescor às histórias da Marvel, abaladas por sagas que abalaram o grupo, como A Queda. As histórias tinham um tom ameno e conquistaram muitos leitores. Mais: chamaram atenção pelo relacionamento gay entre os heróis adolescentes Wiccano e Hulking. Depois de um tempo longe das revistas mensais, o supergrupo ganha um especial pela Panini com a saga A Cruzada das Crianças. A história envolve o parentesco de Wicanno e Célere com a mutante Feiticeira Escarlate, que tornou-se persona non-grata depois de virar uma assassina na saga Dinastia M. Depois que Wicanno perde o controle de seus poderes, os heróis adolescentes partem em uma aventura com ajuda de Magneto para encontrar Wanda, que está na Latvéria. Essa busca vai mexer com diversos nomes do Universo Marvel, incluindo os X-Men, Vingadores e até o Doutor Destino.
A HQ tem uma narrativa ágil e o roteiro de Allan Heinberg, criador dos Jovens Vingadores tem momentos engraçados, mas ela peca em apostar no dramalhão. O texto também abusa da afetação gay do casal Wicanno-Hulking: eles precisam lembrar a cada página do relacionamento homossexual que possuem, o que dá um tom inverossímel e nada natural em algo que foi tratado tão bem em edições antigas. A história teve problemas de publicação nos EUA e sofreu muito atraso. Por isso, uma aviso dos editores pede que o leitor ignore alguma incoerência do roteiro com os atuais acontecimentos do Universo Marvel. A Panini deve publicar a conclusão assim que sair nos EUA, o que deve acontecer ainda este mês (se tudo der certo). No mais, é uma HQ leve, no melhor tom novelesco. [Paulo Floro]
OS VINGADORES ESPECIAL 1 – A CRUZADA DAS CRIANÇAS
Allan Heinberg, Jim McCann, Jim McCann, Roberto Aguirre-Sacasa (texto) e Alan Davis, Jim Cheung, Chris Samnee, Sara Pichelli
[Panini Comics, 148 págs, R$ 14,90 / 2012]
Tradução: Rodrigo Barros
Nota: 6,1
Nos jardins de Destino mais uma vez
A Panini lança o terceiro volume de sua coleção Sandman Apresenta, que traz histórias relacionadas ao Lorde Morpheus. Agora, o mais velho dos Perpétuos, Destino ganha destaque em uma trama que envolve diversos períodos históricos, mas todos relacionados à epidemia e morte. A escritora Alisa Kitwey conseguiu trazer um argumento original, mas sua narrativa por vezes fica truncada, o que prejudicou a leitura. Seu estilo tenta remeter à fase de Neil Gaiman em Sandman, mas seus personagens não seguram o mesmo carisma. A arte de Michael Zulli, conhecido pelos fãs da Vertigo continua impressionando. O material não é inédito. Saiu por aqui pela extinta editora Tudo Em Quadrinhos, entre 1998 e 1999, mas sem essa qualidade da edição da Panini. Para fãs de Sandman, é um livro que vale a pena. [Paulo Floro]
SANDMAN APRESENTA VOL 3 – DESTINO
Alisa Kitwey (texto), Kent Williams, Michael Zulli, Scott Hampton e Rebecca Guay (arte)
[Panini Books, 164 págs, R4 26,90 / 2012]
Tradução: Mário Luiz C. Barroso
Nota: 7,4
Uma nova grande saga da Marvel
A Marvel inicia mais uma grande saga no Brasil, mais uma vez, envolvendo grande parte dos heróis da editora. A Essência do Medo (Fear Itself) tem como principal adversário um antigo vilao oriundo de Asgard e bastante próximo a Thor. Idealizado por Matt Fraction e ilustrada por Stuart Immonem, a série fez muito barulho nos EUA em 2012 e originalmente saiu como uma minissérie em sete partes. O prólogo saiu no Brasil em abril e traz pontas soltas que serão trabalhadas nas edições seguintes, como a relação de Namor em uma trama que envolve o passado nazista do Caveira Vermelha. Este número especial foca em Pecado, a filha de Caveira, que almeja encontrar uma antiga arma mística que seu pai não conseguiu manusear no passado. Este prólogo garante expectativa para quem estava na dúvida sobre acompanhar a saga. O roteiro é de Ed Brubaker, nome importante nos grandes eventos que se desenrolam hoje na Marvel e desenhos de Scott G. Eaton. Ponto negativo são as histórias tapa-buraco, de qualidade bem inferior ao principal. [PF]
A ESSÊNCIA DO MEDO – PRÓLOGO: O LIVRO DO CAVEIRA
Ed Brubaker, Jim McCann, Tim Ursiny (texto) e Scott G. Eaton, Stefano Landini e Nick Dragotta (arte)
[Panini Comics, 52 págs, R$ 5,50 / 2012]
Tradução: Paulo França
Nota: 7,8
Humor negro no pós-apocalipse de Enki Bilal
Considerada uma das mais importantes obras de quadrinhos de todos os tempos, A Trilogia Nikopol chegou às livrarias em uma caprichada edição da editora Nemo como o autor nunca teve por aqui. As três histórias “A Feira dos Imortais”, “A Mulher Armadilha” e “Frio Equador” formam uma viagem delirante sobre um futuro pós-apocalíptico que une deuses egípcios, discussões sobre meio-ambiente, política, amor, e literatura beat. O iugoslavo Bilal trouxe diversas inovações ao já conhecido estilo europeu de fazer quadrinhos, sobretudo na ficção-científica. Ele usou um encarte de jornal para ajudar a narrar a história, incluso nesta edição. Dos três livros, “O Frio Equador” é o mais representativo, clássico definitivo das HQs como linguagem artística. Aqui, o autor usa seu humor negro em uma história cyberpunk que simula o futuro que Bilal imaginou para a Europa. A trilogia acompanha a saga do personagem-título, um ex-militar que foi exilado no espaço após desertar do exército francês. Ele retorna à Terra para fazer parte de um mirabolante plano de um deus egípcio rebelde e tem um envolvimento com uma misteriosa mulher de cabelos azuis, viciada em pílulas alucinógenas. O caldo de referências da HQ e a ambientação de seu cenário causam uma imersão no leitor após as primeiras páginas. Difícil superar o nível imaginativo de Enki Bilal, autor nascida na ex-Iugoslávia e que foi morar em Paris aos 9 anos. Quem curtir este livro, pode ficar feliz e aguardar ansioso a nova obra do autor, Animal’z, que a Nemo vai lançar por aqui. [PF]
A TRILOGIA NIKOPOL
Enki Bilal
[Editora Nemo, 184 págs, R$ 69 / 2012]
Tradução: Fernando Scheibe
[Recomendado]
Nota: 9,3